Bloco quer "passar das palavras aos actos" na alterações climáticas
Os candidatos do Bloco de Esquerda pelo círculo da Madeira, acompanhados pelo seu mandatário regional, Hélder Spínola, foram hoje a S. Vicente abordar a questão das alterações climáticas.
Hélder Spínola começou por destacar a “importância de estarmos conscientes e de actuarmos no sentido de minimizar os efeitos das alterações climáticas.” “Na verdade, já existe, do ponto de vista mundial, um alerta grande para esta questão e, quer no país quer na Região, já existem alguns documentos, existem algumas estratégias nesse sentido”.
No entanto, conforme referiu, “não basta teoricamente considerar estas questões importantes, é fundamental que a forma como actuamos no território tenha em conta estes mesmos cuidados que foram colocados no papel.”
Nesse sentido, recordou que “aqui na Região já temos tido efeitos muito negativos destes fenómenos extremos em termos climáticos: quer seja com as cheias, quer seja com os incêndios florestais ou com as tempestades marítimas que provocam grande destruição junto ao litoral. E a tendência será para o agravamento destes fenómenos.”
Considera pois incompreensível que, “tendo já conhecimento científico que suporta toda esta preocupação, tendo já noção do que está a acontecer e que se irá agravar no futuro, se continue a agir no nosso território como se nada disso existisse”, dando como prova desta incongruência e irresponsabilidade a intervenção prevista pelo Governo Regional para a marginal de S. Vicente que “pretende transformar este calhau num parque de estacionamento, fechando os olhos a todas estas evidências, fechando os olhos à necessidade de nos adaptarmos às alterações climáticas, que já cá estão”.
“Ao nível do litoral, ao nível da zona costeira, em muitas circunstâncias, haverá necessidade de recuar e nunca avançar sobre o mar. O mar, em momentos de tempestade, que se prevêem mais frequentes e intensos, irá afetar de forma muito grave a costa, pondo em causa a segurança de bens e de pessoas”.
“Aliás aqui, no concelho de S. Vicente, para além deste exemplo concreto de querer construir um parque de estacionamento mesmo em cima do calhau, temos também outros exemplos que mostram que, do ponto de vista prático, a governação não está a considerar a problemática das alterações climáticas. Bastará recordar a intenção de asfaltar a estrada das Ginjas, pondo em causa a própria integridade, estabilidade e dinâmica de toda a floresta laurissilva.”
O mandatário da candidatura do Bloco de Esquerda, Hélder Spínola, destacou também que “é fundamental agirmos no nosso território de forma diferente. É fundamental que não existam só boas intenções. E, tal como o próprio programa do Bloco de Esquerda assume e apresenta, é fundamental que exista coerência entre as diferentes políticas, entre as diferentes medidas, e a necessidade de garantir a nossa adaptação ao fenómeno das alterações climáticas e também, naturalmente, darmos o nosso contributo para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.”
Mais referiu que “neste caso concreto da marginal de S. Vicente é preciso, em 1º lugar, percebermos que esta é 1 zona ameaçada, em termos de riscos, quer pelo mar quer pela encosta sobranceira que tem alguns problemas de estabilidade e que daí poderão decorrer quedas de rocha”.
“É preciso não esquecer, por exemplo, o que foi feito na frente mar da Calheta. E o tempo veio demonstrar que aquela intervenção humana para supostamente estabilizar as encostas e para permitir uma maior ocupação debaixo dessas encostas apenas resultou em mais despesa pública e inclusive em perda de vidas humanas; em destruição do património que ali foi construído e desses investimentos.”
É necessário aprendermos com os erros do passado, bem como percebermos que a nossa intervenção para resolver determinados problemas tem de mudar de paradigma”, concluiu.