Portugal, país onde quem espera sempre alcança, mas quando?
Todos ouvimos falar dos problemas do tempo de espera que existe no acesso a serviços básicos como sejam, entre outros, o acesso a consultas de especialidade, a operações ou, mais recentemente, o tempo de espera para saber o resultado de um teste à COVID, mas pouco se fala sobre a influência que o tempo de espera tem sobre o bem-estar e a saúde mental dos indivíduos que estão à espera, seus familiares e conhecidos que veem que os seus problemas e anseios não são atendidos e, muito menos, resolvidos.
Deixo-vos aqui um caso particular que estou a viver e que mostra o que o sistema não deve ser. Tendo atingido a idade de me aposentar pensei, erradamente, que uma vez efetuado o pedido, no tempo regulamentar, rapidamente me seria atribuída a reforma que aparece no simulador. Comecei a desconfiar que não seria assim tão fácil quando verifiquei que a Universidade teve que enviar novamente, para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), muita da informação que já tinha enviado anteriormente, o que me levou a pressupor que a CGA não confia nos dados que a própria CGA coloca no sistema.
Uma vez submetido o pedido, o site CGA direta apresentou uma estimativa de tempo para a concessão de uma aposentadoria num caso semelhante ao meu: 94 dias. Dia após dia o contador ia decrescendo até que parou aos 64 dias e assim se manteve durante dias. Contatei a CGA, por telefone e email, e disseram-me que o meu caso estava a ser tratado. Passado alguns dias o contador voltou a funcionar e assim foi decrescendo até me informar que faltavam 8 dias e assim se manteve desde o dia 10 de dezembro até hoje, ou seja, por mais de um mês continua sempre a faltar 8 dias… e o tempo vai permanecer parado não sei até quando. Fica a pergunta: “quem para o contador?”, o que é o mesmo que perguntar “quem para o tempo?”.
Para juntar a esta situação, o simulador da pensão que a ia atualizando com o passar do tempo, retirou as bonificações que já me tinham sido atribuídas pelo facto de continuar a trabalhar para além do tempo necessário. Neste momento aguardo algum esclarecimento por parte da CGA porque ainda não responderam ao meu email para saber o que se passou.
Dada a alteração na fórmula do cálculo das pensões, no meu caso, a CGA não tem que utilizar os rendimentos anteriores a 2008, ou seja, para calcular a minha pensão são necessários apenas 17 valores de rendimento, os quais aparecem no simulador!
Claro que é sonhar alto pensar num país onde se a pessoa estiver de acordo com a pensão simulada, a mesma seja de imediato atribuída… como estaríamos todos melhor nesse país.
Não tenho experiência com os outros indicadores de tempo de espera, mas imagino o que será se o contador parar de diminuir no tempo de espera para um ato médico… como se sentirão aqueles que anseiam por ver os seus problemas resolvidos?
Como me disseram quando falei com a CGA: “É ter paciência e esperar… se quiser pode telefonar daqui a um mês”.