“O mal triunfa quando os homens bons nada fazem”
Não, nem todos somos bons e até quando iremos continuar a ter “Cláudias e Rafaeis” que nos marcarão pela sua história de tragédia?
Começo por desejar, a todos, um ano de 2022 cheio de concretizações pessoais e profissionais, felicidade, muita saúde e tranquilidade financeira.
Mas, infelizmente, neste que é o meu primeiro artigo de opinião deste ano, não posso deixar de falar sobre um tema triste, um tema que traz tanta infelicidade a tantas mulheres nesta região, neste país, neste mundo em que vivemos: a violência sobre os mais vulneráveis.
A vida de uma mulher e do seu filho acabou de forma previsível e já anunciada. Previsível porque esta mulher tinha pedido ajuda, sabia o que iria acontecer, mas quem a devia proteger não o fez. Quem devia proteger aquela criança não o fez, e quem não fez não sofrerá qualquer consequência, porque os “agentes da lei” nunca são responsabilizados pela sua inércia e falta de ação.
Li em qualquer lado: “O mal triunfa quando os homens bons nada fazem” e agora quem são os bons?
Os bons não deviam ser os magistrados que, ao tomarem decisões assertivas e imediatas, podem salvar vidas?
Os bons não deviam ser os agentes de autoridade que, quando chegam aos locais onde tudo está a acontecer, podem ter atitudes proativas de dissuasão e proteção;
Os bons não deveriam ser os políticos que fazem as leis e que deviam ter como primeira prioridade a proteção das vítimas, em vez de estarem tão preocupados com os direitos dos agressores? Que deviam criar medidas protetivas imediatas, julgamentos sumários e unidades multidisciplinares de avaliação permanentes para que decidam de imediato, para evitar mortes ou danos irreparáveis nas famílias.
Os bons não deviam ser todos aqueles que com o seu magistério de influência, como por exemplo o Sr. Presidente da República, que em vez de andar a tirar selfies, deviam dar um murro na mesa e “obrigar” a que os responsáveis criem medidas efetivas de proteção?
Os bons não devíamos ser todos nós?
Não, nem todos somos bons e até quando iremos continuar a ter “Cláudias e Rafaeis” que nos marcarão pela sua história de tragédia? Já não basta?
Já escrevi tanto sobre este tema que me dói a alma, porque ao longo de todos estes anos nada mudou e tudo se repete.
A única explicação que encontro é que nos supostos bons existem os inimigos, porque este não é problema de “pobre”, e há efetivamente um lóbi infame de violadores, pedófilos e agressores que não deixam que se puna e atue com eficiência, contra a quem age contra os mais vulneráveis.
P.S.- Uma boa notícia na política: Os jovens já vão dando sinais que não vão “comer e calar” e não vão continuar a ser apenas um “corpo presente”. Isto vai obrigar a um trabalho extra, mesmo aos pequenos líderes políticos locais. Integrar, preparar e agir com responsabilidade, com estratégia bem definida e clara, cada vez mais será uma realidade, para não terem surpresas.