Costa contra "papão" da maioria absoluta afirma que PS é "concórdia nacional"
O secretário-geral do PS criticou hoje quem tenta fazer da maioria absoluta "um papão", contrapondo que o seu partido evitou a confrontação no "Verão Quente" de 1975 e uniu os portugueses contra a pandemia da covid-19.
António Costa definiu o PS como "o partido da concórdia nacional" no discurso que proferiu no encerramento de um comício na Escola Profissional de Faro, após uma intervenção da cabeça de lista socialista por este círculo eleitoral, a dirigente e ex-secretária de Estado da Saúde Jamila Madeira.
Numa intervenção com críticas indiretas ao Bloco de Esquerda e ao PCP, e com ataques diretos ao PSD sobre políticas fiscal e de saúde, o líder socialista voltou a defender que só com maioria absoluta o país pode ter estabilidade nos próximos quatro anos.
"Que não haja papões, toda a gente me conhece. Toda a gente sabe que sou uma pessoa de consensos, de compromisso e de diálogo", começou por dizer, invocando aqui a sua experiência como presidente da Câmara de Lisboa, em que parte desse tempo -- seis anos -- teve maioria absoluta.
"Não foi pelo facto de ter maioria absoluta que deixei de dialogar com todos", reforçou, antes de avançar com o argumento sobre o papel do PS na História da democracia portuguesa.
"Somos o partido do equilíbrio, do bom senso, da responsabilidade, do diálogo, somos o partido da concórdia nacional. Somos o partido que no PREC (Processo Revolucionário em Curso) evitou a confrontação e fomos o partido que na pandemia [da covid-19] soube unir todo o país para enfrentar essa pandemia", declarou, recebendo palmas dos apoiantes socialistas.
Na sua intervenção, o secretário-geral do PS procurou traçar sobretudo duas linhas de demarcação face ao PSD: nas matérias de política fiscal e na saúde.
Na questão fiscal, António Costa disse que Rui Rio apenas admite descer o IRS das pessoas em 2025 ou 2026, enquanto com o PS, num novo Governo, "o IRS baixa já este ano para a classe média, para os jovens e para as famílias com filhos".
"E baixa já porque vamos aprovar o Orçamento do Estado para 2022", frisou.
Ainda no domínio fiscal, o líder socialista referiu que o PSD pretende reduzir o IRC para todas as empresas, independentemente das suas práticas de gestão, enquanto o PS será mais seletivo.
De acordo com António Costa, com os socialistas no Governo, o IRC baixa para as empresas que investirem, que apostarem na inovação, na modernização, que tenham contratos coletivos de trabalho e que tenham boas políticas salariais.
Depois, o secretário-geral do PS voltou a acusar o presidente do PSD de querer pôr "a classe média a pagar a saúde", dizendo que a prova disso é o projeto de revisão constitucional que esteve em preparação por parte dos sociais-democratas, no qual se previa o fim do princípio "de um Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito".