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Governo de Tonga qualifica como "desastre sem precedentes" destruição causada por tsunami

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Foto EPA

O Governo de Tonga descreveu hoje como "um desastre sem precedentes" a devastação causada pela erupção vulcânica e pelo consequente tsunami neste arquipélago do Pacífico Sul, que causou também a morte de pelo menos três pessoas.

As Nações Unidas anunciaram hoje, entretanto, que estão já a preparar ajuda.

Na sua primeira declaração oficial desde o desastre natural de sábado, o Governo descreve como a erupção do Hunga Tonga Hunga Ha'apai desencadeou um tsunami com ondas de até 15 metros de altura que atingiram várias ilhas das 169 que constituem o arquipélago.

As três vítimas mortais confirmadas são uma britânica, uma mulher de 65 anos da ilha Mango e um homem de 49 anos da ilha de Nomuka.

O anterior balanço oficial dava conta de um morto, mas as autoridades locais já admitiam a existência de mais vítimas mortais.

O comunicado do Governo, que foi adiado pelo corte de comunicações no arquipélago, descreve como a catástrofe causou a destruição de todas as casas em Mango, povoada por 36 pessoas, e diz que apenas duas ficaram de pé na ilha de Fonoifua, as duas ilhas mais afetadas além de Nomuka.

O executivo ordenou o destacamento de duas embarcações militares para levar ajuda humanitária a algumas das zonas mais afetadas, em condições difíceis devido à destruição na costa e à densa camada de cinzas que cobriu este território.

As Nações Unidas estão também a preparar ajuda e anunciaram hoje que tentarão manter Tonga, um território onde até agora só foi relatado um caso de covid-19, a salvo da pandemia durante as operações de ajuda.

Todos os esforços humanitários para ajudar o pequeno reino seguirão os rigorosos protocolos de saúde do país para mantê-lo fora da pandemia, disseram agências da ONU em Genebra.

"Tonga é um país zero-covid. Têm protocolos muito rigorosos para isso. Uma das primeiras regras da ação humanitária é não por isso em causa" disse Jens Laerke, porta-voz do Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

"Queremos ter a certeza absoluta de que todos os protocolos necessários à entrada no país serão respeitados", acrescentou.

O porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Christian Lindmeier, afirmou, por sua vez, que cabe ao Governo "estabelecer as regras de como entrar no país, sobre os protocolos a implementar".

"Mas será certamente uma prioridade evitar a contaminação o máximo possível", acrescentou o representante da OMS.

As agências internacionais encarregadas de avaliar os danos em Tonga, praticamente isolados do mundo após a poderosa erupção subaquática que causou um tsunami, confirmaram também hoje que há "danos consideráveis".

Um dos problemas mais graves apontados é a escassez de água potável, que Tonga tenta remediar com a colaboração de outras nações, como a Nova Zelândia e a Austrália.

Dois navios da Marinha da Nova Zelândia zarparam hoje carregados com ajuda humanitária com destino a Tonga, onde deverão chegar na sexta-feira, enquanto a Austrália preparou outro navio com ajuda de emergência, incluindo 250.000 litros de água potável e uma fábrica de dessalinização com capacidade para tratar 70.000 litros.

A Cruz Vermelha estima que cerca de 80.000 pessoas, dos 105.000 habitantes do país, foram afetadas por esta catástrofe natural, e os especialistas não descartam outros incidentes de atividade vulcânica.

Imagens aéreas captadas por voos de reconhecimento da Força Aérea da Nova Zelândia mostraram uma paisagem lunar, onde as cinzas cobrem todo o terreno e danos significativos em edifícios localizados na ilha de Tongatapu, onde está localizada a capital, Nuku'alofa.

Outras ilhas, como Uoleva e Uiha, além de Nomuka, apresentam um cenário semelhante, com fortes inundações e acumulação de cinzas, de acordo com imagens do Centro de Satélites das Nações Unidas (UNOSAT).

O país tem permanecido praticamente incomunicável porque o cabo submarino através do qual todas as comunicações telefónicas e internet estão ligadas partiu-se a cerca de 37 quilómetros da costa.

De acordo com o Governo, as linhas telefónicas operam apenas nas ilhas de Tongatapu e Eua, enquanto as duas empresas de telecomunicações estão a tentar restaurar o serviço em alguns pontos com tecnologia de satélite, com prioridade para chamadas internacionais e e-mails.

A estrondosa erupção de Hunga Tonga Hunga Ha'apai, que foi ouvida a centenas de quilómetros de distância e foi claramente vista do espaço, também fez com que o vulcão desaparecesse da superfície marítima.