Uma Brisa cortante
A atribulada viagem de António Costa à Madeira está em destaque no segundo episódio da série ‘Campanha Alegre’
Boa noite!
Como acertado desde ontem, e por recomendação expressa de Rui Rio, vamos levar a campanha eleitoral com alegria, em manifesto respeito pelo apurado sentido humor dos candidatos. Mas não só.
De Costa a Costa
‘António Costa desloca-se à Madeira na terça-feira para campanha eleitoral’. A notícia foi dada pelo DIÁRIO e outros meios, a 14 de Janeiro, às 17h30. Depressa percebemos que ia marcar a agenda mental de alguns políticos durante pelo menos quatro dias. Dito e feito. Duas horas depois, o PSD emitia o primeiro recado: “Votar em António Costa é validar a injustiça e a discriminação de que a Madeira foi alvo, nos últimos seis anos”, afirmou Sérgio Marques que é cabeça-de-lista da coligação PSD/CDS mesmo não sendo cabeça-de-cartaz. Desde então, todos os dias, e a quase toda hora, os social-democratas madeirenses atiram-se a Costa, estejam a sul ou a norte. “É mais uma vinda para prometer aquilo que não cumpre”, referiu Miguel Albuquerque, no mínimo, por três vezes, convicto que a reeleição do socialista “seria uma má noticia para a Madeira”. Para não variar. Não há memória que das eleições legislativas nacionais surjam boas notícias para a Região.
O vento soprou
A viagem de António Costa no avião da TAP - companhia que Rio quer fechar sem explicar como fica garantida a continuidade territorial - começou com uma troca de pneus em Lisboa e terminou com uma aterragem à segunda tentativa na pista madeirense, depois do avião borregar devido ao vento. Como era óbvio, recomendamos ao jornalista no aeroporto que a primeira pergunta a fazer ao secretário-geral do PS, se ele aterrasse era: “É desta que vai mandar comprar os equipamentos que fazem falta para combater a inoperacionalidade do aeroporto?”.
A pergunta foi feita, mas não houve resposta. O certo é que algum tempo depois a candidatura “Madeira Primeiro” emite uma inovadora nota que reza assim: “Espera-se que, depois desta aterragem, António Costa cumpra com a aquisição dos Equipamentos de Medição para o Aeroporto da Madeira”.
Jogada de mestre
António Costa trocou uma enfadonha arruada no Funchal por uma Brisa Maracujá. Como quem anda à chuva molha-se, o secretário-geral do PS jogou pelo seguro e tentou o dois em um: ir ver como se faz o refrigerante que tanto promove e mostrar à ala mais radical do PSD que caminho convém percorrer para a eventualidade de ser necessário armar um Bloco Central.
O social-democrata Miguel de Sousa deve estar a rir-se do mediatismo obtido pela ECM na jornada política socialista, para desgosto dos seus inimigos de partido, mesmo que eventualmente não tenha dito a Costa que há bebidas que importa agitar antes de abrir. Nem será preciso, se a Brisa servir de champanhe na noite de 30 de Janeiro.
Tweets para que vos quero
Os líderes nacionais podem ser admiradores confessos do Twitter e através deste trocarem mimos políticos, mas por cá esta rede social de malha larga não convence alguns. Carlos João Pereira, Economista, Administrador de Empresas ainda era Deputado à Assembleia Legislativa da RAM quando lá escreveu pela última vez, a 1 de Outubro de 2010. Contudo, Carlos J. Pereira, Deputado na Assembleia da República, tweetou a 16 de Janeiro dando conta que o "Wishful thinking de Paulo Portas chega a ser patético ! Disse o comentador de direita que não hesita em ser o que sempre foi com a capa de imparcial : “O lugar de primeiro ministro está em aberto “!
A menos que tenha um duplo, Sérgio Marques já não vai à rede, que tanto mediatizou Trump, desde Maio de 2009, altura em que enfatizou o relatório de Silva Peneda aprovado pelo PE exorta a Comissão a desenvolver uma "agenda de política social ambiciosa".
O PSD-M escreveu pela última vez a 25 de Junho do ano passado e o PS-M não publica desde 29 de Abril de 2021.
O único que ainda ensaia uma graçola por dia é Alberto João Jardim que ontem se atirou aos “moços” que no PS não têm “humor inteligente” e que hoje tentou ser engraçado. Ao que chegámos!
Contas certas?
Sérgio Marques garantiu hoje a pés juntos que a União Europeia costuma apoiar em 85% os projectos ditos estruturantes dos países membros e das regiões e que por isso era lamentável que o governo português só entrasse com 50% de ajuda destinada ao novo hospital da Madeira. Sérgio Marques não é um candidato qualquer. Foi eurodeputado e sabe muito bem o que a casa gasta. Qual é mesmo o montante do apoio que a União Europeia dá para a construção do novo hospital?
O pancadómetro
A campanha é espaço propício para a criatividade jornalística. Ontem destacamos o votómetro do Observador. Hoje, seguimos com atenção o pancadómetro do 'Expresso' que confirma que no debate a 9, emitido segunda-feira pela RTP, Costa “levou pancada de todos” ao longo de duas horas. O primeiro-ministro foi visado por 43 intervenções (uma em cada dois minutos e meio), sendo 14 divididas por igual entre Rui Rio e Catarina Martins, mas seguidos por perto por todos os mais pequenos partidos da direita. Ora leia.
Banda sonora
Enquanto Costa cancelava a arruada funchalense por causa da chuva, o Partido Popular Monárquico Madeira fazia o mesmo praticamente com toda a sua agenda de campanha eleitoral. E desculpou-se com os elevados números de covid na Região.
O PPM afirma-se obediente às autoridades de saúde e acha execrável andar na rua “a passar panfletos de mão em mão”, em “almoçaradas e jantares”, aos “abraços e beijinhos” naquilo que considera ser “o circo de certos partidos”.
Desconhecemos se Paulo Brito também canta ou se é sportinguista, mas até nós sabemos quão confortável é garantir presença nos meios de comunicação social e no Facebook sem sair do sofá. Daí esta proposta musical inspiradora.