E o povo, pá?
O principal debate ocorreu na passada 5.ª feira, entre Costa e Rio. E, na minha opinião, não houve um claro vencedor
A política portuguesa está transformada num Big Brother político. Confesso que não sou grande adepta deste tipo de programa televisivo. Nunca os vejo, pois não acho piada nenhuma. Mas, é a sensação que tenho após as últimas intervenções políticas feitas a nível nacional e regional. Acho que assistimos ao maior Big Brother político mundial. Somos líderes e pioneiros mundiais, claro está seguindo a linha de pensamento dos responsáveis governativos da Madeira na área da saúde.
A 30 de janeiro, somos chamados a escolher quem queremos como Primeiro-Ministro de Portugal para os próximos 4 anos. E, ninguém tem dúvida que, ou continuará a ser António Costa, ou será Rui Rio.
A dúvida reside se António Costa conseguirá um resultado que lhe permita governar com estabilidade por 4 anos, ou se, nos acordos entre partidos, Rui Rio acaba por ser Primeiro-Ministro.
O principal debate ocorreu na passada 5.ª feira, entre Costa e Rio. E, na minha opinião, não houve um claro vencedor. Os dois estavam muito bem preparados e qualquer um entalou o outro nalgum momento. Creio que a grande diferença entre os dois foi a postura adotada.
Costa, durante todo o tempo, falou com postura de Primeiro-Ministro. Esteve calmo, sereno, muito determinado e com elevação, garantindo que está preparado para governar e que tem tudo preparado logo no dia a seguir às eleições. Rio adotou a estratégia de anunciar que tudo reformará. Irá mudar tudo se chegar ao poder. Pena que ainda não tenha percebido que na mudança de governo, alterar tudo do governo anterior não é boa medida governativa para o país. Há coisas a mudar e há coisas que é preciso manter para surtir os efeitos desejados a favor das pessoas. Há que estudar caso a caso as alterações a efetuar. Em todos os governos PS e PSD, há programas e medidas que têm de mudar e outros que estão bem desenhados e que apenas precisam de uma boa execução e sobretudo uma execução mais eficaz e eficiente.
Rui Rio, estando muito bem preparado, pecou pelo tom de voz utilizado, desadequado e por vezes esganiçado. A postura e tom de voz também falam. E a forma como se dizem as coisas também são importantes. Já tinha errado a anunciar medidas, introduzindo-as como medidas populuchas e “que as pessoas querem ouvir”, roçando uma forma deselegante de compra de voto em público. Das duas uma: ou não acredita nas medidas que anunciou, ou saiu-lhe a boca para a verdade de que precisa de comprar votos para ganhar. Aprenda com o PSD-Madeira e ofereça galinhas amarelas.
O debate entre Rui Rio e André Ventura foi um desastre para o líder do PSD. A grande maioria dos políticos acham que ganham eleições em vésperas de eleições. Mas, na verdade, a imagem que temos dos candidatos dos partidos é construída ao longo do tempo. Como queria Rio sair vitorioso quando viabilizou um governo PSD nos Açores com o Chega? É o que dá fazer política de curto prazo. E agora quer fugir do Chega como o diabo da cruz. Apenas por agora porque, se precisar, é mais do que evidente que vende a alma ao diabo.
O debate mais cómico foi preconizado entre o Chiquinho do CDS/PP e o perigoso André Ventura que me fizeram rir o tempo todo pelas suas reações. Um autêntico Big Brother. Mas, há que ter humor na política e, pelo menos, fizeram-me rir.
Os outros debates foram interessantes para percebermos os acordos que estão na forja e até que ponto os partidos pequenos estão ávidos de poder. Pena que tantos se deixam levar por palavras e rostos finos.
Certo é que a bipolarização veio para ficar. É o resultado do método de Hondt que se aplica em Portugal para determinar as forças políticas no parlamento. A existência de um número crescente de pequenos partidos facilita a permanência dos partidos mais votados. E, sabendo isto, os partidos mais pequenos, numa luta pelo poder, querem associar-se a um ou a outro para ter acesso a um lugar de destaque. Ainda não perceberam que precisam de tomar uma outra orientação para poderem sobreviver?
PAN, Iniciativa Liberal, LIVRE, PCP, CDS/PP e até mesmo o Chega estão num jogo de cintura de aproximação ao PS, ou ao PSD, para poderem galgar o poder. Pelo meio denota-se um BE entalado para explicar o porquê da crise política com a não aprovação do orçamento de Estado, mas querendo ter uma boa votação para sobreviver no Parlamento.
Com tudo isto, dou por mim a pensar: Estão todos a pensar galgar o poder. E o povo, pá?