Igreja católica polaca quer determinar se vítima de abuso é 'gay' e tirou prazer
Uma diocese na Polónia pediu a um tribunal para determinar se um homem, abusado sexualmente enquanto criança por um padre católico, é homossexual e se o contacto sexual foi prazeroso para a vítima.
Janusz Szymik, que tem agora 48 anos, era uma criança quando os abusos sexuais começaram na década de 1980.
A vítima apresentou uma queixa contra a diocese de Bielsko-Zywiec, no sul da Polónia, num tribunal civil em 2021.
O padre, que foi identificado apenas como Jan W., admitiu o abuso e Janusz Szymik pede agora uma indemnização à diocese de três milhões de zlotys (cerca de 660 mil euros).
O advogado desta igreja apresentou em tribunal um pedido para que um especialista "verifique a oriental sexual do queixoso" e determine se este "mostrou satisfação em manter um relacionamento íntimo com Jan W. ou se resultou em qualquer beneficio material da relação sexual com o padre", revelou o portal de notícias Onet.
Szymik demonstrou surpresa sobre a viragem no processo, recordando que o bispo Roman Pindel de Bielsko-Zywiec já tinha demonstrado compaixão para com a vítima do abuso.
Este mais recente caso ocorre numa altura em que o papa Francisco procura limpar a imagem da Igreja Católica na Polónia, envolvida em escândalos de abusos sexuais de menores e encobrimento de casos.
A Igreja Católica foi durante muito tempo a mais alta autoridade moral da Polónia, desempenhando um papel inspirador durante a ocupação e domínio estrangeiro e apoiando o movimento anticomunista na década de 1980.
Os recentes casos de abuso têm prejudicado a sua credibilidade, inclusivo do católico polaco mais famoso, São João Paulo II, cujo legado está a ficar manchado pelo próprio fracasso no combate a estes casos quando era papa.