7 notas marginais sobre o debate
Das Regiões Autónomas e das relações sempre tensas com a República nem um sopro
Boa noite!
1. A esta hora ainda se analisa o confronto entre António Costa e Rui Rio que, apesar de civilizado e esclarecedor, perdeu-se por vezes em pormenores técnicos, em medianas e afins, tornando-o a espaços distante do eleitor comum, logo, pouco mobilizador.
2. Falou-se pouco do País diverso e descontinuado, mas mesmo assim o interior ganhou às ilhas. Das Regiões Autónomas e das relações sempre tensas com a República nem um sopro. Uma vaga e pouco precisa referência de Rui Rio ao Funchal, à boleia da TAP, deixa claro que a gritaria insular não comove Lisboa.
3. As eleições não se decidem num espectáculo televisivo de 77 minutos, em que, curiosamente, cada candidato falou cerca de meia hora. Não foi decisivo, nem podia sê-lo. Sobretudo porque corre antes da campanha, dando por isso mais munições a todos os partidos para arquitectarem ataques do que estocadas finais. Nada como um debate final antes da ida às urnas.
4. Desta vez, o debate teve moderação a sério com os três jornalistas a não permitirem, e bem, divagações dos convidados e a exigirem respostas às perguntas colocadas. Tiveram ainda o mérito de dividir tarefas e evitar atropelos. De qualquer forma, interromperam em demasia e num caso ou outro agarraram-se religiosamente ao guião ensaiado.
5. António Costa surgiu de gravata verde e Rui Rio com o mesmo adereço em tom azul-bebé. Há especialistas na indumentária que explicam a importância das cores nos confrontos políticos. "As cores emitem sinais bastante específicos", afirma o estilista David Zyla, autor do livro Color Your Style, para quem o verde simboliza muitas coisas, do renascimento à cor do dinheiro e o azul mais claro é "suave e introspectivo".
6. Quem ganhou o debate? A CNN Portugal acaba de exibir uma sondagem da Pitagórica em que 42% acham que Rio ganhou, em que 38% deram vitória a Costa e em que 19% optaram pelo empate. Mas há outras, para todos os gostos, inclusive a que está em vigor no dnoticias.pt, embora suspeite que nem um nem outro adicionaram novos eleitores às suas hostes.
7. Num debate renhido, houve necessidade de prolongamento. E como a última imagem é que fica, sobra a sensação que Costa tentou compensar na flash interview a prestação demasiado defensiva no tempo regulamentar. E se lhe parece que esta linguagem é demasiado futebolística, admito ter ficado influenciado pela cobertura mediática das televisões, que trataram o confronto político como se de um dérbi ou de um clássico se tratasse. Ouviram adeptos, estiveram no ‘quartel general’ de cada concorrente, puseram drones sobre o Capitólio e a esta hora ainda estão a falar dos lances capitais, sem recurso ao VAR.