Comissão do Parlamento Europeu apela à vacinação rápida em África
Membros da Comissão de Desenvolvimento do Parlamento Europeu apelaram hoje para que se acelere a vacinação contra a covid-19 em África, num debate com gestores europeus do programa Covax.
A iniciativa Covax financia as doses de vacinas para os países mais pobres, através das doações das nações mais ricas e sob os auspícios da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O deputado sueco Thomas Tobé, presidente da Comissão de Desenvolvimento do Parlamento Europeu, disse que a taxa de vacinação em África é "desesperadamente baixa", o que "coloca os esforços da UE" para doar doses para o mecanismo de cooperação Covax "sob uma luz muito má".
"Temos de acelerar o processo, para que haja um acesso equitativo às vacinas e promover o seu fabrico nos países em desenvolvimento", disse Tobé, membro do Partido Popular Europeu (PPE).
A eurodeputada do Partido dos Cidadãos Europeus Soraya Rodríguez lembrou que "África tem a capacidade de produzir vacinas" e exortou os Estados-membros da UE a "facilitarem a transferência de conhecimentos" para os cientistas africanos.
O representante da esquerda no debate, o espanhol Miguel Urbán, foi mais longe e solicitou à Comissão e ao Conselho Europeu que tomassem uma posição a favor da libertação das patentes de vacinas e criticou o formato Covax, porque, na sua opinião, "não se pode vacinar toda a gente com base em donativos".
"Parece que a UE quer que continuemos a sofrer uma pandemia global, em vez de questionar os lucros de um punhado de empresas farmacêuticas", disse o eurodeputado espanhol.
Contudo, a representante da UE na reunião de acionistas da Covax, a eurodeputada grega Chrysoula Zacharopoulou, gabou-se da "liderança global" que disse que a UE tinha demonstrado na resposta à pandemia.
"Os europeus organizaram uma resposta de saúde global desde o início da pandemia, não desde o momento em que os nossos cidadãos já foram vacinados. Apesar de termos mortes todos os dias nos nossos países, temos estado à altura da tarefa de responder de forma solidária e global", afirmou.
O chefe do Serviço Europeu para a Acção Externa, Olivier Bailly, disse que a UE "está um pouco sozinha" na luta internacional contra a pandemia e recordou que os Estados Unidos aderiram tardiamente ao programa Covax.
"Nunca utilizámos a diplomacia das vacinas, como a China ou a Rússia fizeram, dando vacinas a outros países em troca de acesso a território, portos ou financiamento de infraestruturas", sublinhou Bailly, durante o seu discurso como convidado no debate parlamentar.
Contudo, a chefe da Aliança GAVI para as Vacinas, Marie-Ange Saraka-Yao, que também integra o mecanismo Covax, elogiou os países europeus por terem "estado na vanguarda da luta contra a pandemia" e realçou que a UE foi o maior doador de doses entregues através da iniciativa em 2021.
Saraka-Yao fez uma avaliação positiva deste programa e recordou que "foi criado para oferecer uma linha de vida às economias desfavorecidas".
Aquela responsável disse que quase todos os 92 países que aderiram à Covax já receberam um primeiro carregamento de vacinas e que 219 milhões de doses da Europa já foram inoculadas.
A covid-19 provocou 5.503.347 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.