Há mais teatro para além da OLHO-te
Nos últimos dias, tenho lido e ouvido falar muito da Associação OLHO-te. Na maior parte das vezes, confundem-se os dirigentes com a própria instituição, esquecendo-se os restantes membros e o trabalho que estes desenvolvem. É claro que a presunção e água benta cada um toma a que quer, mas é preciso algum decoro, até pelo empenho das pessoas “anónimas” que se envolvem neste tipo de projetos e que, no fundo, garantem a existência deste e de outros grupos teatrais. Um pouco a ideia do futebol: não é o treinador que concretiza os golos. Mobiliza e ajuda – é certo –, mas não é ele que faz os remates e, objetivamente, não é ele que marca os golos e ganha os jogos.
Sem a intenção de fazer qualquer juízo de valor sobre este ou aquele dirigente, ou sobre a sua formação na área – que me parece indiscutível – é preciso também dizer que há mais teatro para além da Associação OLHO-te. O teatro não nasceu há oito anos, ou há 10 anos. Felizmente existem, na Região, vários embriões que se desenvolveram ao longo das últimas décadas. É injusto recuperar a ideia peregrina de que “o teatro começou agora”, embora seja sempre uma tentação.
Insisto: o teatro nasceu há já algumas décadas na Madeira, com ajuda de tanta gente, tantos profissionais, não apenas professores, nas diferentes escolas – e lembro-me do saudoso Carlos Varela, na Jaime Moniz –, mas um pouco por toda a Região, como o Teatro Experimental do Funchal, ou o Grupo de São Gonçalo, ou da Camacha.
Sónia Queiroz