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Presidente alemão pede debate nacional sobre obrigatoriedade da vacina

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Foto EPA

O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, apelou hoje à realização de um debate nacional sobre a vacinação obrigatória contra a covid-19 na Alemanha, sublinhando que uma medida drástica dessa natureza tem de ser compreensivelmente justificada.

Em causa está o apoio do novo chanceler alemão, Olaf Scholz, à medida, cuja lei deverá ser debatida ainda este mês no parlamento, com as sondagens a mostrarem que a maioria dos alemães é favorável uma eventual obrigatoriedade, enquanto uma minoria se manifesta contra.

"A situação excecional de uma pandemia aumenta a pressão para que o Estado aja, mas não substitui a exigência de pesar argumentos e equilibrar interesses", defendeu Steinmeier no início de uma mesa-redonda sobre o tema com a presença de cidadãos.

"A obrigatoriedade de uma vacina significa uma obrigatoriedade de debate", sustentou.

Steinmeier, cujo papel é em grande parte cerimonial, disse que não tomará partido no debate, pelo que exortou os envolvidos a "respeitarem outras posições" e também "os factos e razões que devem ser e continuar a ser a moeda comum".

O Presidente alemão considerou como "alegações completamente sem sentido" as posições que apontam que a pandemia transformou a Alemanha numa "ditadura", argumentando que tais suposições "trazem desprezo" às instituições democráticas e ao Estado de direito do país.

"Entre amigos, no trabalho, nas escolas, nas creches, nas clínicas e asilos, nas câmaras municipais, nos centros de saúde e nos parlamentos, todos estão a tentar descobrir o que é preciso ser feito" para combater a pandemia, lembrou Steinmeier. 

"E é exatamente disso que traz essa luta democrática, também para nós aqui hoje neste debate", acrescentou.

Entre os participantes no debate esteve uma enfermeira de Colónia e o chefe de uma casa de repouso em Berlim, que enfatizaram o quão essencial é ser vacinado para que especialmente os mais vulneráveis da sociedade -- em particular os doentes e os idosos -- possam ser protegidos do vírus.

Cornelia Betsch, professora de comunicação em saúde, destacou que muitas das pessoas que recusam a vacinação anti-covid-19 têm simplesmente medo e criticou as autoridades por, no início da pandemia, terem perdido muitas oportunidades de explicar melhor a segurança e a importância das vacinas.

"Muitas pessoas têm simplesmente medo de serem vacinadas e a obrigatoriedade pode criar sentimentos contrários", argumentou, acrescentando que são precisos mais esforços para informar os que hesitam sobre as vantagens da vacina.

Cerca de 72,2% dos alemães são considerados "totalmente vacinados", enquanto pelo menos 44,2% receberam uma dose de reforço adicional.

Nas últimas 24 horas, a agência de controlo de doenças da Alemanha registou 80.430 novos casos de covid-19, um novo recorde desde o início da pandemia, bem como 384 mortes associadas à doença.

Entre os que se opõem à obrigatoriedade da vacina estão alguns membros do Partido Liberal Democrata (FDP), força que integra a coligação governamental alemã tripartida, bem como o ex-ministro da Saúde alemão, que prometeu no verão passado que não iria tomar essa medida.

Os líderes políticos concordaram em permitir que os deputados votem de acordo com a sua própria consciência e não de acordo com as linhas partidárias sobre a questão.

A proposta de obrigatoriedade da vacina também tem sido alvo de críticas de ativistas anti-vacinas, que têm protestado nas ruas contra as restrições à pandemia.

A covid-19 provocou 5.494.101 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse (AFP), divulgado terça-feira.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.