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Debates entre Costa e Rio em 2019 tiveram no centro economia, saúde e justiça

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Foto Lusa

A saúde, o modelo económico do país, os impostos e o estado da justiça dominaram os dois frente a frente realizados entre António Costa e Rui Rio na pré-campanha para as eleições legislativas de 2019.

O secretário-geral do PS e o líder do PSD terão, desta vez, apenas um debate a dois antes das legislativas antecipadas de 30 de janeiro, marcado para as 20:30 de quinta-feira, com transmissão em direto nos três canais generalistas, RTP, SIC e TVI.

O debate vai decorrer no cineteatro Capitólio, em Lisboa, com uma duração prevista de 75 minutos, e será moderado por João Adelino Faria (RTP), Clara de Sousa (SIC) e Sara Pinto (TVI).

Há dois anos, além de um debate nas televisões, os líderes dos dois maiores partidos protagonizaram também um confronto radiofónico, transmitido pela Antena 1, Rádio Renascença e TSF.

A governabilidade e os cenários pós-eleitorais - que têm sido temas desta pré-campanha - quase não foram abordados nos debates em 2019, com António Costa e Rui Rio a concordarem então que a ideia de um 'bloco central', juntando os dois maiores partidos portugueses numa solução de Governo, seria nefasta para a democracia, por enfraquecer as alternativas políticas.

Ainda longe do início da pandemia de covid-19, o estado do Serviço Nacional de Saúde foi tema central no primeiro frente a frente, em 16 de setembro, com Rui Rio a defender que em 2019 o setor estava pior do que em 2015 e António Costa a assegurar que houve progressos.

Nesse debate, visto por 2,66 milhões de portugueses, os dois protagonistas discutiram também o modelo económico do país, com António Costa a defender a sustentabilidade das contas públicas e Rui Rio a falar em "oportunidade perdida".

A discussão entre os líderes social-democrata e socialista tornou-se mais intensa sobre a dimensão da carga fiscal e as propostas de redução de impostos apresentadas então pelo PSD, que defendia que 25% da margem orçamental prevista para legislatura deveria ser usada para baixar impostos e outros 25% para aumentar o investimento público, sendo os restantes 50% para consolidação das contas públicas.

António Costa discordou desta opção, defendendo em contrapartida uma via mais seletiva com incentivos a políticas de natalidade ou para o reinvestimento de lucros das empresas, ou, ainda, para investimentos no interior do país, confrontando Rio com o "enorme aumento de impostos" do executivo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho.

No mesmo debate, o líder do PS acusou o presidente do PSD de ter uma "obsessão contra a justiça", negada por Rui Rio - que criticou os aumentos salariais dos juízes pelo Governo do PS -, mas ambos se manifestaram contra os chamados "julgamentos na praça pública".

A recuperação do tempo de serviço dos professores, a regionalização ou os acordos assinados entre os dois partidos em matéria de fundos comunitários e descentralização foram outros dos temas em discussão.

Uma semana depois, em 23 de setembro, Rio e Costa voltaram a sentar-se frente a frente no debate das rádios, marcado por algumas questões de atualidade como as golas antifumo ou as nomeações de familiares pelo Governo socialista, com o líder do PSD a acusar o PS de olhar para o Estado "como se fosse dono disto tudo".

Mas as questões económicas voltaram a estar no centro, com os dois líderes partidários a debaterem quem é que tinha "o melhor Centeno" nas finanças, uma discussão que acabaria por se prolongar durante a campanha eleitoral, com desafios do PSD para debates entre Joaquim Sarmento, o seu principal rosto nesta área em 2019 (e atualmente), e o então ministro Mário Centeno.

"Vai embora no fim do primeiro semestre do próximo ano", afirmou Rui Rio, numa previsão que se viria a revelar correta, já que Centeno deixou o Governo em junho de 2020 e assumiu funções um mês depois como governador do Banco de Portugal, sendo substituído na pasta das Finanças por João Leão.

Em 2019, o PS venceu as legislativas de 06 de outubro com 36,34% dos votos (correspondentes a 108 deputados) e formou um Governo minoritário, enquanto o o PSD ficou em segundo lugar com 27,76% (79 deputados).

O 'chumbo' do Orçamento do Estado para 2022 levou à marcação de eleições antecipadas para 30 de janeiro, encurtando em quase dois anos a legislatura.