Os debates eleitorais televisivos
Temos assistido nos debates eleitorais televisivos a uma pronunciada ausência de divulgação de conteúdos de propostas políticas concretas. As moderações, muitas das vezes, além de serem impotentes na moderação, quase nem conseguem impor perguntas aos oponentes, dada a agressividade verbal mútua destes. Debates com pouco mais de 20 minutos dá para quê? Questões candentes: saúde pública, instrução, trabalho, justiça social, habitação, corrupção, cultura e por aí fora nem têm tempo de ser explanadas.
Questões colaterais, fait-divers e temas pífios adjacentes ocupam precioso tempo, sem voz do comando moderador. Um desperdício. É confrangedor e contraditório ver que os comentários pós-debate ocupam mais tempo de emissão, do que propriamente os debates em si(!) São os comentadores que se apresentam a sufrágio? Isto não pode ser uma democracia «a» fingir... Mas, o mais escabroso, são os comentadores serem interpelados, após os debates: ‘Quem ganhou?’. Pergunto: um debate político é um combate de boxe?
A RTP, paga por nós, embarcar neste distorcido jogo é lastimável.
Não estamos a ser esclarecidos, a abstenção ganhará com maioria absoluta?!
Vítor Colaço Santos