Jerónimo de Sousa defende que "vale a pena" lutar pelas 35 horas semanais
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu hoje, em Matosinhos, Porto, na sua última intervenção antes da operação de urgência, que "vale a pena" continuar a luta pela redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais.
"Hoje falámos dos horários de trabalho, da sua desregulação e das suas consequências na vida de quem trabalha. Não vale a pena perdermos tempo a demonstrar as implicações, as injustiças e os problemas que resultam da brutal e desregulada carga horária de que os trabalhadores são alvo, cada um de vós, cada um dos trabalhadores conhece bem essa dura realidade. Vale a pena continuar a luta pela redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, sem perda de remuneração. Esta é uma luta que vale a pena e é uma luta possível de levar por diante, tal como aqui ficou demonstrado em setores tão diversos", declarou Jerónimo de Sousa, numa intervenção que arrancou pelas 15:50, na Junta de Freguesia da Nossa Senhora da Hora, em Matosinhos (Porto).
O secretário-geral do PCP foi recebido esta tarde por dezenas de trabalhadores portugueses, que o aplaudiram à chegada à Junta de Freguesia da Senhora da Hora (Matosinhos), entoando palavras de ordem da CDU.
Jerónimo de Sousa é o segundo secretário-geral do PCP a fazer uma operação cirúrgica, depois de Álvaro Cunhal ter sido operado a um aneurisma, ainda na antiga União Soviética, em 1989.
Em 1989, Álvaro Cunhal vai à União Soviética, então sob a liderança de Mikhail Gorbatchov, para ser operado a um aneurisma da aorta. Dois anos depois, começa a sucessão, com a escolha de Carlos Carvalhas, primeiro como secretário-geral adjunto e depois como líder.
Jerónimo de Sousa também quis falar dos "problemas concretos" dos trabalhadores da Administração Pública em Portugal, e da "não valorização de carreiras", e dos "anos sucessivos de estagnação salarial e perda de poder de compra".
"Os trabalhadores não podem ser joguetes nas mãos dos operadores privados, são homens e mulheres que todos os dias transportam à sua responsabilidade milhares de utentes, merecem respeito e é urgente a sua valorização. A todos eles reafirmamos que é fundamental para o país a valorização dos serviços públicos e dessa valorização depende o respeito e o reconhecimento dos seus trabalhadores, das suas carreiras, dos seus salários das suas condições de trabalho. Esta é uma luta que é preciso também continuar e que vale a pena".
O secretário-geral do PCP encurtou a agenda política da pré-campanha eleitoral de hoje, porque vai ser submetido esta quarta-feira a uma operação de urgência da estenose carotídea (à carótida interna esquerda) que não pode ser adiada para depois das eleições legislativas.
Jerónimo de Sousa vai ser obrigado a falhar os primeiros dias da campanha das eleições legislativas, mas segundo o comunicado divulgado hoje pelo PCP prevê-se que o secretário-geral "retome no final da próxima semana a sua intervenção política, nomeadamente na campanha eleitoral em curso para a Assembleia da República".
Durante os dias de internamento e recuperação, o PCP acrescenta que vai manter-se a agenda com as ações de campanha programadas para o secretário-geral, nas quais será a partir de quarta-feira, e durante o período de recuperação, substituído por João Ferreira e João Oliveira, membros da Comissão Política e candidatos à Assembleia da República.