PSD assume que convergência com IL não é dificil e IL pede "rasgo"
O presidente do PSD, Rui Rio, assumiu hoje que a "convergência" com o Iniciativa Liberal (IL) não será difícil perante "tanto socialismo e tanto Estado", opinião partilhada pelo líder do IL que, contudo, disse faltar "rasgo e ambição" ao PSD.
Num debate televisivo na SIC, no âmbito da pré-campanha para as eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro, Rui Rio e João Cotrim Figueiredo protagonizaram um confronto cordial durante o qual a palavra "convergência" dominou quase todo o debate e onde ficou clara a abertura para um acordo entre os dois partidos.
"Neste momento, temos tanto socialismo em cima de nós, tanto Estado em cima de nós, que a convergência não é difícil", começou por dizer o social-democrata para, imediatamente de seguida, referir que também têm divergências, nomeadamente no modelo de sociedade.
Rui Rio considerou que, a determinada altura, o IL iria querer "menos Estado ainda", dadas as diferentes propostas nesse sentido, e o PSD tem no Estado um "elemento fundamental".
Dizendo que não seria difícil entender-se com o IL em determinadas coisas, o PSD não poderia ir tão longe.
Na resposta, João Cotrim Figueiredo referiu que os partidos coincidem no diagnóstico que fazem da situação do país, mas divergem no caminho a seguir e, sobretudo, no sentido de urgência e pressa que não existe no PSD.
"Temos demasiado socialismo e demasiado Estado, portanto, algo tem de mudar depressa e de forma radical", considerou o liberal.
Para o presidente do IL, a pressa é que pode tirar o país da estagnação, acusando o PSD de nos últimos dois anos ter feito uma oposição "intermitente".
"O PSD está a fazer uma campanha prudente, não desagrada a ninguém falta rasgo e ambição, falta coragem que Rui Rio já exibiu na sua vida política, há coisas que temos de fazer e temos de fazer rápido", sublinhou.
Focado neste ponto, João Cotrim Figueiredo recordou que o PSD mexe na saúde e nos impostos, mas mexe "pouquinho".
E, por isso, mostrando abertura para um acordo com o PSD, o líder do IL assumiu que Rui Rio seria um bom primeiro-ministro, mas se tivesse o IL a seu lado.
Apontando as diferenças, em alguns casos mínimas, em relação aos impostos, à TAP, RTP ou Caixa Geral de Depósitos, terminou o debate dizendo que o IL e CDS são parceiros com quem facilmente se entenderá sendo, contudo necessário para isso, que ganhe as eleições de 30 de janeiro e que a direita tenha votos suficientes para atingir os 116 deputados.
Questionado sobre se estaria disponível para ser o "número dois" de Rui Rio, João Cotrim Figueiredo escusou-se a responder, sublinhando apenas que não faz questão de ter lugares "ao contrário de outros".