Presidente do Cazaquistão justifica banho de sangue para conter tentativa de golpe de Estado
O Presidente do Cazaquistão disse hoje que os tumultos que abalaram o país foram uma "tentativa de golpe de Estado" levada a cabo por "combatentes armados" e negou que as forças de segurança tivessem disparado contra "manifestantes pacíficos".
"Os grupos de combatentes armados esperaram pelo momento certo para entrarem em ação. O objetivo era evidente (...) tratou-se de uma tentativa de golpe de Estado", disse Kassymn-Jomart Tokaiev num contacto que estabeleceu com o presidente russo, Vladimir Putin, e outros presidentes de países da região.
Referindo-se à influência de Moscovo no país, Tokaiev acrescentou que a missão militar comandada pela Rússia no Cazaquistão "vai terminar em breve".
Entretanto, o Governo anunciou que cerca de oito mil pessoas foram detidas após uma semana de tumultos no Cazaquistão.
"Desde 10 de janeiro, 7.989 pessoas foram detidas", informou o Ministério do Interior em comunicado.
Pelo menos 164 pessoas morreram nos protestos no país, segundo dados não-governamentais, enquanto o regime aponta para cerca de "duas dezenas de mortos".
Os protestos transformaram-se em violência na semana passada tendo gerado uma aliança militar liderada pela Rússia que enviou tropas para o país.
As autoridades disseram ter recuperado o controlo dos edifícios administrativos ocupados pelos manifestantes considerados "terroristas" que contam com apoio no estrangeiro.
O ex-chefe da agência antiterrorismo do Cazaquistão Karim Masimov foi detido por suspeitas de tentar derrubar o Governo, poucos dias depois de ter sido demitido do cargo de chefe do Comité de Segurança Nacional por Tokayev.
Rico em hidrocarbonetos, o Cazaquistão foi abalado por uma onda de protestos sem precedentes desde a independência em 1989.