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Escritora britânica Susanna Clarke vence Women's Prize de ficção com "Piranesi"

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A escritora britânica Susanna Clarke venceu ontem o Women's Prize for Fiction 2021, com o seu segundo romance, "Piranesi", anunciou a presidente do júri do concurso, Bernardine Evaristo, vencedora do Prémio Booker em 2019.

"Piranesi", o segundo romance de Clarke, editado em Portugal no passado mês de junho pela Casa das Letras, do Grupo Leya, tem como figura inspiradora o arquiteto e gravador italiano Giovanni Battista Piranesi (1720-1778), estabelecendo um labirinto literário, construído a partir da casa que a personagem habita.

"Queríamos deixar nas mãos dos leitores um livro de impacto duradouro", disse a também britânica Bernardine Evaristo, no anúncio da vencedora.

"Com este seu novo romance, o primeiro em 17 anos, Susanna Clarke deu-nos um voo de fantasia verdadeiramente original e inesperado que funde géneros e desafia preconceitos sobre o que os livros devem ser. Criou um mundo além da nossa mais selvagem imaginação que nos diz algo profundo sobre o ser humano", concluiu a presidente do júri, na cerimónia que decorreu esta tarde nos jardins da Bedford Square, em Londres.

Susanna Clarke nasceu em Nottingham, em 1959, e estreou-se no romance em 2004 com "Jonathan Strange & o Sr. Norrell", então distinguido com o Prémio Hugo e o Prémio Revelação dos livreiros britânicos.

"Piranesi" foi igualmente nomeado para o Prémio Costa - Romance do Ano 2020.

Os outros cinco romances finalistas do Women's Prize for Fiction deste ano, anunciados no final de abril, foram "Unsettled Ground", da também britânica Claire Fuller, "The vanishing half", de Brit Bennett, e "No One Is Talking About This", de Patricia Lockwood, duas autoras norte-americanas, "How the One-Armed Sister Sweeps Her House", de Cherie Jones, natural de Barbados, e "Transcendent Kingdom", da ganense-americana Yaa Gyasi.

Pelo caminho já tinham ficado duas das obras inicialmente dadas como favoritas, nomeadamente o romance de estreia da escritora transgénero norte-americana Torrey Peters, "Detransition, Baby", e "Summer" ("Verão"), o último volume da tetralogia sobre as estações, da autora escocesa Ali Smith.

"A ficção das mulheres [escritoras] desafia a categorização e os estereótipos, e todos estes romances confrontam-se com as grandes questões da sociedade, expressas através de histórias emocionantes. Sentimo-nos apaixonados por estes enredos, e esperamos que os leitores também fiquem", disse Bernardine Evaristo, quando anunciou as candidatas.

Do painel de jurados fizeram ainda parte a escritora e jornalista Elizabeth Day, a apresentadora de televisão e rádio Vick Hope, a colunista Nesrine Malik e a apresentadora Sarah-Jane Mee.

No ano passado, o prémio foi atribuído ao romance "Hamnet", da irlandesa Maggie O'Farrell, entretanto editado em Portugal pela Relógio d'Água.

Dirigido pela romancista Kate Mosse, o Women's Prize for Fiction tem por objetivo reconhecer a ficção escrita por mulheres em todo o mundo.

Criado em 1992, em Londres, capital britânica, por um grupo de homens e mulheres jornalistas, críticos, agentes, editores, bibliotecários e livreiros, o prémio foi uma resposta ao facto de, no ano anterior, a lista de finalistas do prestigiado prémio literário Booker não ter incluído uma única mulher.

Aliás, em 1992, apenas dez por cento das finalistas ao Booker Prize tinham sido mulheres.

A residência ou o país de origem não são critérios de elegibilidade para o Women's Prize for Fiction, que celebra a criatividade feminina.

A vencedora recebe um prémio monetário no valor de 30 mil libras (perto de 33 mil euros).