Estados Unidos "estão perto" de abandonar esforços para relançar acordo nuclear
Os Estados Unidos "estão perto" de abandonar os seus esforços para relançar o acordo sobre o programa nuclear iraniano, face ao impasse das negociações e a ausência de cooperação do Irão, advertiu ontem o secretário de Estado norte-americano.
"Não vou fornecer uma data, mas aproximamo-nos do momento onde um regresso estrito ao respeito do JCPOA [sigla em inglês do acordo sobre o nuclear iraniano] não reproduzirá as vantagens desse acordo", declarou Antony Blinken no decurso de uma conferência de imprensa na base militar norte-americana de Ramstein, na Alemanha.
"Vai chegar um momento em que será muito difícil encontrar (...) todas as vantagens do tratado e regressar a uma estrita conformidade", acrescentou.
"Porque quanto mais o tempo passa, mais o Irão continua a efetuar progressos no seu programa nuclear, designadamente pela utilização de centrifugadoras mais sofisticadas e enriquecendo mais matéria", assinalou.
Por sua vez, o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, indicou ter telefonado ao seu novo homólogo em Teerão para o incitar a "regressar o mais rapidamente possível à mesa das negociações".
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) denunciou na terça-feira a ausência de cooperação do Irão, que, segundo o organismo, constituiu um atentado à sua missão de vigilância do programa nuclear de Teerão, numa atura em que as negociações para garantir a preservação do acordo internacional de Viena de 2015 estão num impasse.
O Presidente iraniano, Ebrahim Raissi, replicou ontem a estas declarações, ao garantir que o seu país demonstra "transparência" face às suas atividades nucleares.
O acordo de 2015 garantia ao Irão uma suavização das sanções ocidentais e da ONU em troca de um controlo estrito do seu programa nuclear, sob supervisão da ONU. Em represália pela retirada dos Estados Unidos, em 2018, e pela nova imposição de severas sanções, o Irão abandonou a maioria dos seus compromissos.
Após a sua eleição, o Presidente dos EUA, Joe Biden, que sucedeu a Donald Trump, afirmou pretender o regresso de Washington ao acordo.