O poder corrompe?
Quanto à especulação imobiliária, na subjugação ao poder do capital, no urdir de redes clientelares, na orientação do investimento público, quanto ao modelo de desenvolvimento, na Câmara Municipal do Funchal o PS distinguiu-se do PSD?
Ao longo dois últimos anos agravaram-se os problemas sociais, cresceram as desigualdades territoriais, os trabalhadores perderam direitos e poder de compra, intensificaram-se as formas de exploração de quem trabalha, aumentou a pobreza.
O PS prolongou os problemas criados pelo PSD, disse que os queria resolver, publicitou que gostaria de mudar, comprometeu-se a mudar. Mas, uma vez com maioria, na CMF fez igual ou pior. Quer isto dizer que o PSD é melhor do que o PS? Quer dizer que no essencial do exercício do poder em pouco se distinguiram.
Constatar que com o PS alguns dos problemas não só foram prolongados, até mais se agravaram não faz do PSD melhor do que o PS. Quer dizer que o PS ainda conseguiu fazer pior, nalgumas áreas, do que o PSD. Reconhecer que o PS fez ainda pior não faz com que o PSD seja melhor. Quer dizer que “um diz mata, o outro diz esfola”. Ou seja, o PS desperdiçou na Madeira uma oportunidade histórica, esbanjou a ideia de mudança e a vontade de viragem política. A incapacidade de alternativa demonstrada pelo PS, a inabilidade para estabelecer ruturas com a herança PSD, assassinou a dinâmica de mudança e fez crer que as instituições não passam de um lugar de alterne, num rotativismo desesperante nas cadeiras do poder.
Criticar o PS pelos seus erros estratégicos, pelas suas desastrosas políticas implica apoiar o PSD? Não! Apenas quer dizer que o PS cometeu erros fatais. E quer, sobretudo, dizer que não estaremos perante o dilema de quem “ou se atira para o fogo ou para a frigideira”. Porque existe alternativa ao reino da mesmidade!