Emiliano Martínez diz que o Brasil-Argentina foi cancelado por motivos políticos
O guarda-redes argentino Emiliano Martínez afirmou hoje que a Argentina "tinha tudo para vencer o Brasil" no domingo, nas eliminatórias sul-americanas para o Mundial2022 de futebol, e que a partida foi cancelada "por motivos políticos".
"É uma sensação amarga. Preparámo-nos para jogar durante três dias no Brasil e, depois de alguns minutos, o jogo é cancelado por motivos políticos. Se nos tivessem avisado quando chegámos ao Brasil, não teria havido tanta confusão. É uma pena, porque íamos vencer", lamentou o guarda-redes argentino, em declarações à imprensa no aeroporto de Buenos Aires.
Emiliano Martínez é um dos quatro jogadores argentinos que jogam na Liga inglesa acusados de violar os protocolos de covid-19 no Brasil, e a par de Emiliano Buendia, também do Aston Villa, foi autorizado pelo seu clube para disputar duas das três partidas das eliminatórias, ao contrário de outros jogadores africanos ou sul-americanos selecionados pelos seus clubes da Premier League.
Os dois viajaram hoje para a Croácia, onde passarão por um período de quarentena antes de regressar a Inglaterra.
"Somos quatro 'ingleses' que decidimos vir por causa do amor que temos pelo nosso país. Depois de vencermos a Copa América (1-0 contra o Brasil na final), todos nós queríamos lá estar", acrescentou Martínez.
Ainda não está definido se o central Cristian Romero e o médio Giovani Lo Celso, jogadores do Tottenham, vão participar do último encontro marcado para quinta-feira, em Buenos Aires, frente à Bolívia.
As normas sanitárias em vigor no Brasil exigem que as pessoas que entrem no país e tenham estado nos 14 dias anteriores no Reino Unido, Índia e África do Sul cumpram uma quarentena obrigatória de 10 dias. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (Anvisa), os quatro futebolistas deram "informações falsas" sobre a matéria, aquando do processo de entrada no Brasil.
No domingo, a Anvisa, acompanhada com elementos da polícia, irrompeu no relvado do jogo em São Paulo, alegando que quatro futebolistas argentinos não cumpriram as regras do combate à pandemia de covid-19, depois de já terem sido instados a ficar em quarentena no hotel.
Os eternos rivais sul-americanos enfrentavam-se em São Paulo, na Arena Neo Química, em jogo de apuramento da zona sul-americana para o Mundial2022, interrompido quando estavam decorridos cinco minutos.
Os quatro jogadores foram colocados em quarentena quando chegaram ao Brasil, tendo também sido aconselhados a "regressar ao país de origem".
Depois de alguma discussão, a equipa da Argentina abandonou o relvado do encontro, enquanto os jogadores do Brasil ficaram em campo a realizar um treino.
Os argentinos, escudados pela autorização da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL), negaram qualquer conduta imprópria e o presidente interino da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues, considerou que a Anvisa "excedeu os limites do bom senso" ao interromper o jogo.