Galardão que não engana
Há muito que o Funchal perdeu o galardão de cidade mais limpa do País, o que muito me entristece enquanto funchalense, nado e aqui criado há várias décadas. Porque estou reformado e nunca me canso da minha cidade, calcorreio as ruas todos os dias para me sentir vivo, mesmo sabendo que, nessas voltas, a tristeza invada o meu coração perante a degradação da capital, a que vou assistindo com o passar dos anos, sem que alguém consiga inverter o ciclo criminoso, que anuncia um triste fim à vista.
A limpeza urbana da minha cidade foi esquecida, da mesma forma como são esquecidos os sem abrigos que vão tomando conta do Funchal, provocando alvoroço e ocupando prédios devolutos, que vão ganhando aspetos cada vez mais fantasmagóricos e assustadores, perante o olhar desatento das autoridades camarárias, que se preocupam mais em vestir fatos de gala, para apresentar ideias e soluções para tanta e tanta coisa sem sentido, do que com o banho e a roupa interior lavada, que são muito mais importantes do que a apresentação pública.
Assim está a minha cidade, cada vez mais suja, escura, desgastada e perdida no tempo, aqui e ali disfarçada com remendos que se estragam com uma brisa de vento.
Por tudo isto, aproveito este espaço generoso que o Diário oferece ao cidadão para pedir para que se invista de forma séria e consciente na limpeza do Funchal, na compra de equipamentos para o efeito ou na contratação de recursos humanos que sejam capazes de dar brilho à cidade.
Todo nós temos a consciência de que as obras são essenciais para o progresso de uma qualquer cidade, mas a limpeza e a manutenção dos espaços são igualmente determinantes para que, literalmente, não se apague um Funchal que vai perdendo intensidade, luz e grandiosidade por causa da visão obscura e sombria de um executivo camarário que não venceu eleições mas que ficou com uma capital nos braços, sem as bases e capacidades de a proteger e fazer evoluir.
É caso para dizer que este algodão… engana!
Jesus Camacho