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Um tempo que não pode voltar para trás

Os do outro tempo e dos outros caminhos querem voltar. Mais do que caminhos, querem vias rápidas para acelerar outros interesses

Há uns anos havia uma publicidade, em que uma senhora com uma idade avançada, começava com a expressão “Eu ainda sou do tempo…”. Se ainda não tenho essa idade, apesar de caminhar para lá, é bom que nos lembremos do que era o Funchal antes 2013 e do que está em causa nestas eleições. Porque como eu, muitos se lembrarão das mudanças ocorridas e muitos, acredito que a maioria, não quererá um regresso ao passado, neste caso de má memória, nem quererão que o processo de mudança em curso na Região seja travado e continuemos nas mãos dos mesmos de sempre. O Miguel Silva Gouveia, desde a primeira hora na construção deste projecto, já demonstrou enquanto vice-presidente da Câmara e nestes dois últimos anos como Presidente, que é a pessoa certa para governar a cidade, pelas suas qualidades, pela sua competência e capacidade de trabalho.

Começámos a virar a página com a conquista do Funchal, numa lufada de ar fresco, que continua a dar frutos com o que semeámos em 2013. Nada ficou como dantes na política da nossa Região e o Funchal mudou para melhor. Assumimos a Câmara numa situação financeira de bancarrota e num contexto socioeconómico muito difícil, acabando com o mito de que só uns “iluminados” podiam governar. Tomámos decisões difíceis e preparámos o Funchal para uma nova era. É pois importante lembrarmo-nos do outro tempo, porque essa memória é fundamental para, no presente, avançarmos para o futuro.

Falo do outro tempo, do tempo em que a Câmara tinha uma dívida de mais de 100 milhões de euros, por clara irresponsabilidade financeira, e pagava aos fornecedores num prazo que ultrapassava 1 ano.

Do tempo em que se celebravam contratos SWAP que lesavam a Câmara em 1 milhão de euros.

Do tempo em que não havia redução de taxas e impostos, o IMI era um dos mais altos do país e não havia qualquer devolução de IRS às pessoas.

Do tempo em que não havia um fundo de investimento social, com programas como o da comparticipação de medicamentos, o do subsidio municipal ao arrendamento, e o do programa municipal de formação e ocupação em contexto de trabalho.

Do tempo em que os bairros da Câmara tinham amianto e não se construía nova habitação social.

Do tempo em que não se investia na educação, seja em manuais escolares gratuitos ou bolsas de estudo para os estudantes universitários.

Do tempo em que não havia um programa de apoio à natalidade e à família, nomeadamente uma subvenção à natalidade, e apoio às mensalidades de creches e jardins-de-infância.

Do tempo em que não se asfaltavam os caminhos, nem se construíam novas acessibilidades nas zonas altas.

Do tempo em que não havia Loja do Munícipe, nem ferramentas digitais como o Funchal Alerta para reporte de ocorrências.

Do tempo em que nunca se avançou para a requalificação da ETAR, nem se investia de forma estrutural na rede de águas e de saneamento básico.

Do tempo em que não havia um Balcão do Investidor, não se revia o PDM há mais de 20 anos, nem se teve a iniciativa de criar uma ARU, apostando na reabilitação urbana com apoios e incentivos.

Do tempo em que não se recrutavam bombeiros há mais de 16 anos.

Do tempo em que o Lido estava destruído e fechado, o Cais do Carvão abandonado, o futuro Matadouro em projectos anunciados e nunca concretizados, e o Museu de História Natural por reabilitar.

Do tempo em que não havia Orçamento Participativo e os cidadãos nada decidiam.

Do tempo em que o Teatro Baltazar Dias era uma coutada e em que a cidade não tinha uma programação cultural planeada, em que o Funchal Jazz era organizado pelo triplo do preço, e não existiam festivais alternativos como o Fica Na Cidade.

Do tempo em que eram abatidos mais de 2 mil animais por ano e não existia um médico veterinário municipal.

O nosso tempo foi claramente diferente, apesar do caminho nunca ter sido fácil, mas também nunca quisemos desviarmo-nos do caminho principal. Os do outro tempo e dos outros caminhos querem voltar. Mais do que caminhos, querem vias rápidas para acelerar outros interesses. Os de sempre. Não se lhes vislumbra nenhum projecto para a cidade e o que vemos são ideias sem nexo e sem um fio estruturante, atiradas como barro à parede, com “rios de dinheiro” e muita propaganda. É por nunca se desviar do caminho, que o Miguel Silva Gouveia é o garante que o Funchal não volta para trás, e que continuará a seguir no rumo do progresso.