Líderes talibãs ordenam a soldados que saiam das casas ocupadas
Os líderes talibãs ordenaram hoje aos seus combatentes para deixarem as casas particulares que tinham ocupado durante os ataques de agosto, quando o movimento fundamentalista islâmico assumiu o poder no Afeganistão.
Com esta medida, os líderes talibãs querem impor a ordem nas fileiras dos seus combatentes, no dia em que, em Cabul, foram ouvidos disparos para dispersar um comício de mulheres que exigiam respeito pelos seus direitos.
A ordem dada pelo primeiro-ministro talibã, Hasan Akhund, surge após recentes declarações públicas de funcionários talibãs que sugeriam planos para melhorar a organização e quando um relatório revelou que muitos combatentes do movimento estavam instalados em casas particulares que foram ocupadas durante os ataques de agosto.
Nas últimas semanas, os talibãs abandonaram as suas roupas tradicionais civis e vestiram uniformes militares, para projetar um ar de autoridade.
Entretanto, o diretor regional da Cruz Vermelha Internacional, Alexander Matheou, disse hoje que antevê "meses extremamente difíceis" no Afeganistão, alertando para os riscos das quedas de temperatura no inverno, que deverá agravar a escassez de alimentos.
Matheou acrescentou que serão precisos mais de 30 milhões de euros para continuar a financiar centros de saúde e ajuda de emergência nas 16 províncias do Afeganistão, depois de, na quarta-feira, o porta-voz da ONU Stéphane Dujarric ter pedido à comunidade internacional para aumentar a ajuda financeira.
Desde que os talibãs chegaram ao poder em Cabul, em meados de agosto, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional suspenderam o apoio ao Afeganistão, enquanto os Estados Unidos congelaram milhares de milhões de dólares em ativos mantidos em contas norte-americanas pelo Banco Central Afegão.
Os constrangimentos financeiros já provocaram cortes na área da saúde, que resultaram no encerramento de 2.500 centros médicos, deixando inativos mais de 2.000 profissionais de saúde, 7.000 deles mulheres.
A comunidade internacional está dividida relativamente à retoma de ajuda ao Afeganistão, enquanto o mundo espera para ver se os talibãs voltarão a impor um regime fundamentalista.
Ainda assim, a China entregou suprimentos de inverno ao Afeganistão e em breve começará a transportar alimentos, depois de Pequim ter manifestado a intenção de permanecer um aliado do novo Governo de Cabul, mantendo aberta a sua embaixada na capital.
A China, que compartilha uma estreita fronteira com o Afeganistão, criticou a saída das tropas dos EUA no Afeganistão e acusou Washington de ser responsável pelas dificuldades que os afegãos enfrentam.