Estudasses…
Enquanto nos entretivermos com prémios de virtude duvidosa que nos desviam o foco do essencial, o tempo vai passando...
A capacidade de ler, de estudar e de tomar decisões com base em dados que têm de ser recolhidos (mas que o destino não recolhe) é, hoje por hoje, de particular importância e algo para que temos de olhar com muita atenção.
Já aqui expressei, aliás, a minha preocupação em relação à alteração de padrões, quer no tipo de viagem, quer igualmente do cliente que estamos actualmente a atrair, com consequência directa na satisfação deste em relação à experiência que vai vivenciar.
Do que consigo extrair na minha micro realidade, começo a perceber quais as adaptações que temos de fazer ao produto e quais as alterações, em termos de informação já no destino, que devemos introduzir na nossa relação com os clientes.
Preocupa-me perceber que estes viajantes tipicamente não visitam destinos “resort” no Inverno e que, portanto, a bonança do crescimento pode ser efémera. Espanha, por exemplo, que pelos vistos se preocupa com o mesmo, está a pensar alargar o layoff deles até 31 de Janeiro; o nosso, analisado mês a mês e não a 12 meses, como deveria ser, basicamente já terminou… Mas isto é só um aparte.
A análise de dados, sendo em algumas circunstâncias difícil de fazer, noutras não o será tanto. Ir às Desertas num passeio de barco e encontrar lá, ao mesmo tempo, cerca de 150 pessoas é transformar uma experiência potencialmente inesquecível no equivalente a uma ida ao Lido num Sábado de Agosto. Para concluir isto, basta falar com os muito simpáticos vigilantes que lá trabalham.
O nascer do sol visto do Pico do Areeiro é igualmente, um momento de beleza estonteante que pode ficar completamente arruinado se não soubermos gerir (como não sabemos ou não queremos) o número de pessoas que se encontra no mesmo espaço, ao mesmo tempo; qualquer guia vos dirá o mesmo.
Realidade equivalente encontramos nas levadas mais populares e no mar, onde alguns pontos de amarração foram tomados por certas empresas. Já me aconteceu, debaixo do Cabo Girão, estar a partilhar a mesma zona com 4 catamarans, o que é um verdadeiro disparate!
Claro que nada disto se resolve, apesar de tudo isto estar identificado. Temos o problema dos pelouros (as levadas são de uma Secretaria mas as licenças são de outra e a regulamentação de uma terceira); da inércia dos empresários (sempre fiz assim, vou mudar porquê quando ainda para mais cheguei primeiro?); da regulamentação desadequada (o limite máximo nas Desertas é de 280 pessoas por dia! O que faz um 0 a mais num número…); entre outros que o limite de caracteres me impede de referir.
Juntemos a isto o drama da falta de pessoas disponíveis para trabalhar, apesar dos cerca de 17.000 desempregados na Região. Um mistério que uma fiscalização atenta aos vencimentos pagos por fora a desempregados com part times não declarados resolveria com facilidade, embora compreenda que seja mais interessante andar a fiscalizar empresas que têm IVA a receber.
Enquanto nos entretivermos com prémios de virtude duvidosa que nos desviam o foco do essencial, o tempo vai passando… E estudar dá muito trabalho!