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Eleições 2021

Amanhã teremos conhecimento de quem conseguiu mobilizar e convencer os eleitores

A campanha eleitoral para as eleições autárquicas 2021 que se realizam amanhã, foi diferente da habitual. Em parte, essa diferença ficou a dever-se à pandemia Covid19.

As naturais restrições e regras impostas na sequência da pandemia, fizeram com que o contacto directo dos candidatos com os eleitores se tenha restringido em benefício da utilização dos meios de comunicação social e das redes sociais.

Diferente não significa, necessariamente, melhor nem mais útil ou esclarecedora. Quanto muito, pôs mais em evidência a impreparação de muitos candidatos. Criou, mesmo, situações confrangedoras e de alguma comicidade.

O que ouvimos, durante a pré-campanha e a campanha, pela boca dos candidatos com maior responsabilidade e peso político excedeu, quiçá, o que era habitual nas campanhas anteriores.

Houve promessas para todos os gostos, dedos apontados e agressões verbais a “adversários”, garantias de futuras intervenções em áreas que nem são das competências das autarquias, distorções da realidade acerca de “realizações” diversas, garantias de acções futuras que terão data vencida no dia a seguir às eleições.

O conceito de autarquia local é definido pela Constituição da República como sendo pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações respetivas.

O que se pretende de candidatos à gestão das entidades mais próximas dos cidadãos: entrega, credibilidade, desprendimento, transparência, estiveram raramente presentes, na generalidade das situações.

Mais do que conhecimento dos programas eleitorais, desconhecidos da generalidade dos cidadãos, as eleições de autarcas têm um grande enfoque nas relações interpessoais do candidato, na proximidade aos cidadãos que pretende governar, no conhecimento dos problemas da rua, da freguesia, da cidade. No atender às dificuldades do dia-a-dia das famílias, das comunidades, das pessoas.

É mais importante resolver um problema de esgotos, de alcatroamento de uma rua, de fornecimento de água, de ajuda à reconstrução de uma habitação, de melhoria da recolha de resíduos, de diminuição da carga de multas, impostos, coimas, licenças, de restituir às famílias uma parte substancial de impostos pagos, do que construir um novo pavilhão gimnodesportivo ou mais duas ou três rotundas. Proximidade, competência, bom senso, capacidade de ouvir e perceber os anseios das comunidades locais, atenção às necessidades das populações, abertura para a discussão das políticas locais.

Fazer promessas desenquadradas da realidade discutir questões teóricas só afasta os eleitores.

Entendo que a disputa de uma câmara, como a do Funchal, onde pode estar a jogar-se o futuro político dos principais partidos regionais, PSD e PS, tolde um pouco o raciocínio e o discernimento dos candidatos e dos partidos que os apoiam.

Percebo o esforço despendido pelas estruturas partidárias e pelos candidatos, atendendo ao que está em jogo.

Como é costume dizer-se, em democracia o povo é soberano. No caso do executivo municipal que é eleito simultaneamente com a assembleia municipal, todo o executivo é determinado pela eleição direta.

Amanhã teremos conhecimento de quem conseguiu mobilizar e convencer os eleitores. Só resta desejar que sejam as melhores escolhas as que serão feitas, pelos eleitores, nas urnas.