São Tomé assumirá a próxima presidência da CPLP por proposta da Guiné-Bissau
São Tomé e Príncipe vai assumir a presidência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) entre 2023 e 2025, revelaram responsáveis diplomáticos à Lusa, indicando que a solução foi proposta por Guiné-Bissau.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, Augusto Santos Silva, declarou como uma "boa notícia" o "acordo" que se obteve ontem durante uma reunião informal de ministros da CPLP, em Nova Iorque, de que a presidência da organização lusófona ficará a cargo de São Tomé e Príncipe, após o mandato atual de Angola.
De acordo com Santos Silva, a proposta partiu da Guiné-Bissau, que também se tinha mostrado interessada em assumir a presidência.
"Não só não houve nenhuma disputa, como houve este gesto de enorme significado que foi ser a Guiné-Bissau a propor a solução que validámos", sublinhou o ministro português, em entrevista telefónica à Lusa.
O secretário executivo da organização, Zacarias da Costa, declarou à Lusa, por telefone, que o Presidente guineense, Sissoco Embaló, "deixou uma mensagem clara, através da ministra dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa, de que veriam com bons olhos que São Tomé assumisse a presidência e depois, então, seria Guiné-Bissau".
"A nível do secretariado, aguardamos uma comunicação oficial da presidência", acrescentou o secretário-executivo da CPLP, defendendo que a proposta e mensagem da Guiné-Bissau foi "em nome da harmonia que sempre existiu" dentro da organização.
O MNE português completou que o acordo ontem obtido "respeitou os critérios que os ministros tinham proposto: o primeiro critério era de dar agora oportunidade àqueles dois países que ainda só fizeram uma presidência", precisamente os dois países em questão.
O segundo critério, segundo Augusto Santos Silva, foi de "dar prioridade pela ordem com que foram realizadas as primeiras presidências", primeiro a de São Tomé e Príncipe, de 2004 a 2006, e de seguida Guiné-Bissau, de 2006 a 2008.
Ambos os países, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, tinham mostrado o seu interesse em estar à frente da CPLP depois da atual presidência de Angola, que termina em 2023.
Na conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, realizada em julho em Luanda, a decisão sobre a próxima presidência da CPLP foi adiada, com o argumento de que estavam em curso eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe.
Após o ato eleitoral, disse Zacarias da Costa, o próprio Presidente eleito de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, manifestou "vontade de São Tomé poder assumir a presidência rotativa da CPLP em 2023 -- 2025".
O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, também afirmou na última quarta-feira que "está muito clara a vontade de São Tomé e Príncipe ter a presidência", depois de encontros informais com e Estado de países de língua portuguesa, à margem da 76.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
Guiné-Bissau manifestou o seu interesse formal em presidir à organização numa carta datada a 09 de agosto, dirigida ao secretário executivo da CPLP, em que comunicou a todos os Estados-membros a intenção do país de acolher a próxima cimeira e pediu a confirmação da sua aceitação.
Segundo Zacarias da Costa, "houve no discurso da senhora ministra da Guiné-Bissau a saudação da possível presidência de São Tomé e Príncipe".
Para o secretário-executivo, "houve muita notícia à volta desta questão" e "é saudável o interesse" dos dois países em presidir à organização, "mas o mais importante é que exista harmonia e solidariedade entre Estados-membros, por forma a encontrar um consenso que é a palavra-chave que sempre existiu dentro da CPLP".