Juventude, e a nossa Revolução Tranquila?
Os desafios são diversos e os últimos anos têm exigido respostas públicas diferentes daquilo a que estávamos habituados. A estratégia que tem governado o país nos últimos 25 anos tem-nos levado a um empobrecimento relativo, disso não há dúvidas. Para além disso, assiste-se ainda a dois outros fenómenos: se, por um lado, existe uma preocupação pela sustentabilidade ambiental e mobilidade diferente daquela que existia há uns anos, há também os chamados problemas de segunda geração - temos mais gente qualificada, mas com acentuadas dificuldades de emancipação quando comparados com a geração anterior. Estes são temas, também, do escopo das competências das câmaras municipais. Mas o que têm feito estes órgãos de poder para atenuar isso?
A nível autárquico temos diversos concelhos atrasados. Passaram-se 8 anos de governação autárquica dos opositores políticos do PSD e não há um concelho que tenha melhor qualidade de vida do que aquela que havia nos tempos do PSD. Aliás a receita daqueles que lá estão é, precisamente, a contrária. Mais subsidiodependência, aumento da criminalidade, insegurança e menos sustentabilidade ambiental. E antes que me falem na dívida, nos problemas a/b/c, respondo com a seguinte reflexão:
Da mesma forma que toda a dúvida é a chave do conhecimento, a dívida pública, sobre determinados parâmetros de razoabilidade, é a chave para o desenvolvimento. Tanto assim é que o fazemos na nossa vida. Quantas pessoas em Portugal pagam a sua casa ao longo de uma vida?
Atendendo a isto, tenho cada vez menos dúvidas de que precisamos de uma (nova) Revolução Tranquila. Revolução essa que começa em cada um de nós que, moderadamente, ambiciona uma vida diferente para si e para a sua coletividade. A revolução tranquila protagonizada por Alberto João foi única, mas os tempos atuais não se compadecem com a vivência dessa recordação.
Com a evolução própria dos tempos precisamos de uma nova revolução tranquila que nos aproxime de um modelo social mais justo, com um acesso à habitação condigna assente numa estratégia de desenvolvimento sustentado. O que nos tem separado disso? A cooperação. Ou a falta dela. Não tenhamos dúvidas. Só transformámos a Madeira em quatro décadas porque todos trabalhamos para o mesmo. Será que hoje podemos dizer que todas as esferas de poder remam para o mesmo lado, ou há várias autarquias a querer usar a sua ação para serem um contrapoder ao Governo Regional da Madeira? Não deixa de ser caricato que vários partidos da oposição regional que se arrogam defensores da Democracia, sejam os principais protagonistas da incapacidade de gerar diálogos com aqueles que pensam diferente de si.
Por tudo isto, a Juventude pode ser decisiva na construção da nova revolução tranquila. Se há eleições em que os jovens podem fazer a diferença são nestas autárquicas. E olhe-se, por exemplo, para o Funchal. Dois projetos bem diferentes. Um quer dar o próximo passo, outro acha que a cidade nunca esteve tão bem como agora e que não pode voltar para trás. Pese embora nunca se tenha visto a cidade tão suja, com tanta marginalidade e prédios devolutos.
São os mais jovens que têm de decidir, no caso concreto do Funchal, se esta é uma cidade em que não há dificuldade na obtenção de uma casa, fixar uma empresa, ou conseguir um papel seja qual for da Câmara. Não serão os acomodados, sem grande perspetiva de vida, a transformar seja o que for porque esses já não precisam. Quem viverá no futuro as consequências de más decisões no presente?
Não será tempo de iniciarmos a nossa revolução tranquila? Há, no próximo domingo, a oportunidade de a iniciar. De pôr esse futuro sempre à frente. No Funchal e nos outros municípios.