Crónicas

Reflexão autárquica

É importante percebermos do que falam os candidatos quando nos prometem isto ou aquilo

Mais uma campanha prestes a chegar ao fim. É tempo de cada um de nós fazer o balanço e refletir não só nos candidatos a escolher mas na importância que representam estas eleições. As eleições autárquicas são a base da estrutura do Estado. São elas que elegem as pessoas que nos representam no poder local e somos nós através do voto que as escolhemos. Esse poder local não é mais do que a resposta pública às nossas necessidades mais diretas mas também as que nos capacitam muitas vezes a ter uma melhor ou pior qualidade de vida. São os temas que nos influenciam o dia a dia, a assistência que podemos precisar quando menos esperamos e a consistência de assegurar que tudo flui da melhor forma para que nos possamos preocupar com o que é realmente importante.

Eu costumo dizer que existem duas formas (complementares) de analisar os candidatos das nossas autarquias e que é um método muito mais fidedigno do que para eleições nacionais. E nenhuma delas é olhar para bandeiras ou cores políticas. Existem políticos bons e maus, sérios e cretinos em todos os partidos ou movimentos independentes. Não há um partido do bem e outro do mal ou um com todos bem intencionados e o outro só com aldrabões. Na verdade, num sítio um partido pode estar muito bem representado e no outro cheio de canalhas corruptos. Por isso, fazendo aqui um preambulo às duas formas que gostava de caracterizar, o melhor para começar é não votar pela sigla. Aqui são as pessoas que contam e são elas que fazem a diferença. Muito mais do que qualquer ideologia política.

É aqui que entro na primeira forma de análise. As ideias. É importante percebermos do que falam os candidatos quando nos prometem isto ou aquilo. Que ideias têm para a nossa terra e se na nossa cabeça aquilo faz sentido ou não. Se é exequível ou se são apenas promessas vãs. Se existe uma visão estratégica, ou melhor se na nossa cabeça conseguimos projectar através do que nos vendem um crescimento da autarquia e por conseguinte dos seus cidadãos. Se aquilo que achamos serem as necessidades do nosso concelho estão elencadas por alguma das candidaturas e ( muito importante ) se o estão com as prioridades bem definidas.

A segunda forma tem a ver com as pessoas em si. As Autárquicas ao contrário de outras eleições são sobre pessoas que temos a obrigação de conhecer ou pelo menos de conseguir obter referências. Se não são nossas conhecidas são de alguém que nos é próximo. Perceber como são, a sua competência, o seu histórico, a capacidade que têm de chegar às pessoas, a idoneidade. No fundo tentarmos traçar um perfil delas, das suas características e no fim chegar à conclusão de quem nos transmite maior segurança mediante aquilo que queremos para nós.

A somar a tudo isso é importante que nós os que votam e os que decidem nos interessemos pela nossa política local. Que façamos as perguntas que têm que ser feitas, que participemos, entremos nas discussões e nos envolvamos. Que não deixemos tudo para os outros nem nos alheemos do que é do nosso interesse. Acho até que devia existir em cada concelho um conselho independente de cidadãos rotativos e escolhidos de forma aleatória que fossem apresentando os seus problemas e as suas sugestões de forma regular. Que fossem chamados para a cidadania. Porque a política é de todos. E no fim que não deixemos de votar, porque o voto é o nosso poder de mudar as coisas ou de apoiar o que achamos que está certo.