UE apela para "reforço da confiança" com EUA após crise franco-norte-americana
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, defendeu hoje que a União Europeia (UE) e os Estados Unidos devem trabalhar para "reforçar a confiança" na sua parceria, após a crise franco-norte-americana.
Borrell falava no início de uma reunião com o seu homólogo norte-americano, Antony Blinken.
"Podemos reforçar a confiança entre nós", declarou, referindo que está a ser "uma semana muito agitada", até agora, nos corredores da sede das Nações Unidas, cuja Assembleia-Geral começou na terça-feira.
Antony Blinken disse que os dois parceiros já estão a trabalhar muito em conjunto "no mundo inteiro, incluindo, é claro, a propósito do Afeganistão, da região Indo-Pacífico e da Europa".
Estas declarações foram emitidas pouco depois de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, terem concordado em reunir-se em outubro e iniciar um processo de consulta para reduzir a tensão diplomática provocada pelo caso dos submarinos australianos.
Num comunicado conjunto após uma conversa telefónica, os dois líderes anunciaram que se encontrarão "na Europa, no final de outubro" e que o embaixador francês em Washington, convocado para consultas na semana passada, regressará ao seu posto na próxima semana.
"Os dois líderes concordaram que a situação pode beneficiar com consultas abertas entre aliados", acrescenta o comunicado, referindo-se aos protestos de Paris sobre a falta de aviso prévio relativamente ao pacto de defesa entre os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido.
"O Presidente Biden expressou o seu compromisso duradouro com esta matéria", sublinha o comunicado conjunto, referindo que o líder norte-americano considerou "necessário que a defesa europeia seja mais forte e eficiente" para contribuir para a segurança transatlântica e cumprir "o papel da NATO".
O documento conjunto diz ainda que os Estados Unidos "reafirmam que o envolvimento da França e da União Europeia na região Indo-Pacífico é de importância estratégica", revelando que os dois líderes estão alinhados quanto à postura dos aliados nesta zona do globo, sob forte influência da China.
Biden reconhece assim os motivos de descontentamento de Macron, pela falta de diálogo com os aliados sobre o pacto de defesa que envolve EUA, Reino Unido e Austrália, com a venda a Camberra de tecnologia para a construção de submarinos de propulsão nuclear.
Este acordo levou a Austrália a "rasgar" um contrato com Paris, no valor de 56 mil milhões de euros, para a compra de submarinos convencionais, o que irritou o Governo francês.
O telefonema desta tarde, a pedido de Biden, foi o primeiro contacto entre os dois líderes desde o início da crise diplomática.
A indicada reunião na Europa, em outubro, cujo local e data não foram ainda definidos, deve realizar-se na altura da cimeira do G20 em Roma, que terá como objetivo "chegar a entendimentos partilhados" para a melhoria do relacionamento entre os dois países.