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Crise humanitária e violações dos direitos humanos aumentaram na Venezuela

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A crise humanitária e as violações dos direitos humanos agravaram-se durante a pandemia da covid-19, na Venezuela, denunciou terça-feira o representante da oposição perante a Organização das Nações Unidas (ONU), Miguel Pizarro.

"A pandemia da covid-19 chegou ao país, aprofundando a grave realidade que estava a ser vivida como consequência da complexa emergência humanitária e da violação sistemática dos direitos humanos pelo regime", disse aos jornalistas.

O alerta de Miguel Pizarro teve lugar no âmbito da 76.ª assembleia-geral da ONU, que decorre na cidade de Nova Iorque, durante a qual se referiu a alguns dados sobre a situação venezuelana.

 "A complexa emergência humanitária afeta sete milhões de pessoas na Venezuela e mais de seis milhões hoje são migrantes ou refugiados (...), uma realidade que afeta toda a região e que é a segunda mais importante do mundo, depois da Síria", explicou o opositor.

Segundo Pizarro "a insegurança alimentar agravou-se ao longo dos anos devido ao baixo poder de compra dos venezuelanos, fazendo que hoje um em cada três venezuelanos precise de assistência alimentar".

Citando dados do Programa World Food, o opositor afirmou que "9,3 milhões de venezuelanos estão em risco de segurança alimentar".

Por outro lado, explicou que "o sistema de saúde continua a deteriorar-se (...) os pacientes sofrem diariamente com a escassez de tratamentos e medicamentos, o pessoal de saúde trabalha com as unhas e arrisca as suas vidas em hospitais que carecem do mínimo de provisões".

"A Venezuela tem 30 milhões de cidadãos, mas recebeu apenas 3,2 milhões de vacinas contra a covid-19. Dessa quantidade apenas se conhece o destino de 40% das imunizações, consequência da opacidade com que o regime de Maduro administra a dose e a ausência de um programa público de vacinação que responsa a critérios científicos", afirmou o opositor.

Segundo Pizarro "apenas 98.000 trabalhadores da saúde foram vacinados contra a covid-19" e 692 profissionais da saúde faleceram devido ao coronavírus.

Precisou que 89% dos laboratórios públicos da Venezuela "estão encerrados", o que obriga os venezuelanos a "acudirem a centros de saúde privados" onde "os preços são afixados em dólares" norte-americanos, no contexto de "uma economia muito deprimida".

O opositor denunciou ainda que foi suspenso o programa venezuelano de transplantes, o que impediu a realização de 960 intervenções cirúrgicas, 150 delas em crianças e adolescentes, entre elas Niurka Camacho, de 15 anos, que faleceu recentemente.

Segundo Pizarro 7,9 milhões de estudantes venezuelanos foram afetados pelo encerramento de escolas e há 4,2% mais caos de depressão no país. Por outro lado, há escassez de medicamentos para a depressão (64,4%) e para a diabetes e hipertensão (40%).

"Os venezuelanos estão indefesos perante os abusos e violações sistemáticas dos direitos humanos, assim como de crimes que lesam a humanidade, cometidos (...) mediante execuções extrajudiciais, desaparições forçadas, detenções arbitrárias, torturas e outros tratos cruéis, inumanos ou degradantes", frisou o opositor.

Desde março de 2020 que a Venezuela está em quarentena preventiva e atualmente tem um sistema de sete dias de flexibilização, seguidos de sete dias de confinamento rigoroso.

O país contabilizou 4.311 mortes e 356.262 casos da doença, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais.

A covid-19 provocou pelo menos 4.696.559 mortes em todo o mundo, entre mais de 229,01 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.