Candidatura do JPP critica recuperação do património no Funchal
A candidatura do JPP à Câmara do Funchal criticou hoje a falta de estética e respeito pelo património ocorrida na recuperação da fachada nascente do forte do Ilhéu, na entrada do porto da cidade.
"Estamos junto ao forte do Ilhéu para chamar a atenção para a recuperação do património", declarou Emanuel Gaspar, o número dois da lista do JPP no Funchal, que foi o porta-voz da iniciativa da campanha eleitoral.
O historiador, professor e autarca do JPP realçou que aquela fachada foi "recuperada pela Administração dos Portos da Madeira (APRAM), na altura com a tutela de Pedro Calado (ex-vice-presidente do Governo Regional e candidato da coligação PSD/CDS à presidência do município do Funchal nas eleições do próximo domingo)".
"Esta recuperação que se fez da muralha não é uma recuperação estética", enfatizou, argumentando que "foi colocado cimento sobre as muralhas centenárias".
Emanuel Gaspar acrescentou que houve "falta de respeito pelo património", defendeu que "devia ter sido usada uma argamassa que se confundisse com pedra e com os elementos pré existentes, mesmo voltar a utilizar pedra natural", à semelhança do que aconteceu com a fachada oeste "que está mais integrada".
"Não se percebe porque se fez este tipo de recuperação nesta fachada nascente", sustentou.
Na opinião deste candidato, o Governo Regional e a Direção da Cultura da Madeira "têm excelentes técnicos que podiam perfeitamente assessorar a recuperação deste imóvel histórico".
"Por isso, não se entende, quando o Governo Regional e a DRC têm excelentes técnicos de recuperação do património, que se faça uma recuperação destas que deixa muito a desejar", opinou.
Emanuel Gaspar questionou se é "esta ética e visão que Pedro Calado tem para a recuperação do património do Funchal, se é betonar o património do Funchal?".
Este elemento da lista do JPP sustentou que "a recuperação do património tem que ser pensada, com ética, respeito pelo património, pelas pré existências, consultando os técnicos superiores" para evitar este tipo de intervenções.
No seu entender, "os taludes da via rápida com pedra emparelhada estão com melhor aspeto do que estas paredes do forte do Ilhéu", considerando que será difícil voltar atrás.
Também mencionou que nas recuperações do património devem ser auscultados pessoas ligadas a "várias disciplinas", como arquitetos, historiadores.
"É na interdisciplinaridade que está a boa recuperação do património", concluiu.
Nas eleições autárquicas do próximo domingo (26 de setembro) apresentam-se ao eleitorado no Funchal, o principal e mais populoso concelho da Madeira, nove candidaturas - três de coligações e seis de partidos.
Nesta corrida eleitoral estão o atual presidente, Miguel Silva Gouveia, pela coligação Confiança (PS/BE/PAN/MPT/PDR), Pedro Calado (PSD/CDS-PP), Edgar Silva (CDU, coligação que integra o PCP e o PEV), Bruno Berenguer (JPP), Raquel Coelho (PTP), Duarte Gouveia (Iniciativa Liberal), Tiago Camacho (Livre), Miguel Castro (Chega) e Américo Silva Dias (PPM).
O atual executivo camarário é composto por seis elementos da coligação Confiança (PS, BE, MPT, PDR e Nós, Cidadãos!), quatro do PSD e um do CDS-PP.