São Martinho dos “ricos” e dos “pobres”
Na capa do Diário de Notícias, do dia 31 de julho, o título “Luxo contrasta com a miséria” sobre a freguesia de São Martinho, chamou logo a minha atenção.
Após leitura atenta do artigo “Uma freguesia, duas realidades”, deparo-me com um sentimento de tristeza por considerarem que na minha freguesia há duas zonas: a dos “ricos”, na parte litoral, e a parte miserável, dos “pobres”, na zona alta.
É com grande orgulho que moro na parte considerada “miserável” da freguesia desde 1995. Nessa altura, a minha família decidiu alugar uma casa que estava por pintar. Nesses tempos, para poder ter contadores de água e luz era necessário pintar a casa de branco ou bege. E assim foi. Com grande satisfação pintamos a nossa casa alugada de branco, o que tornou o nosso humilde cantinho num sítio mais belo para viver. Na década de 80 e início dos 90’s, havia uma grande preocupação com a parte estética das casas, não deixando construir de qualquer maneira e tendo cuidado com as cores a utilizar.
No final da década de 90, adquirimos habitação própria e a escolha voltou a ser a zona alta da freguesia, bem perto da nossa bela Igreja de São Martinho.
A partir de 1999, tenho assistido a um grande desenvolvimento da nossa freguesia, que veio trazer um grande dinamismo social e económico.
No entanto, é com grande tristeza que tenho presenciado à construção de “mamarrachos”, sem qualquer cuidado arquitetónico e sentido estético. O problema não é só a construção, porque se ao menos estivessem bem cuidados e pintados, não se tornariam tão feios para residentes e turistas que passam diariamente ao lado deles.
Outro dos problemas é a limpeza que deixa muito a desejar. Na minha opinião, a Câmara não tem um plano de limpeza adequado, mas também há muita falta de civismo da população.
Acho piada que em plena campanha eleitoral se anunciem novos empreendimentos, jardins, manchas verdes, pracetas, estacionamentos…. Considero que antes de construir novos empreendimentos públicos ou privados, se deve olhar com atenção para aquilo que já existe e haver uma preocupação real em reabilitar os espaços e edifícios existentes, de modo a tornar mais bela e limpa a nossa freguesia.
Dou o exemplo do edifício onde eu moro. Neste empreendimento (que não é de luxo), existe uma preocupação constante na sua manutenção e limpeza, os jardins estão impecáveis, o prédio está cuidado e bem pintado, tanto por fora como por dentro. Dá gosto viver aqui. É um bom exemplo que pode ser replicado na cidade do Funchal.
Por último, nesta carta, optei por não abordar outros problemas que assolam toda a freguesia, como a pobreza, a insegurança, a droga, o alcoolismo, a delinquência… são assuntos que também merecem uma reflexão séria e atenta por parte dos nossos governantes e população.
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