Já muito escrevi nesta coluna sobre o investimento em Educação, mas não é demais voltar ao assunto dado já estarem disponíveis os novos dados da OCDE, no relatório “Education at a Glance” de 2021. O primeiro aspeto que é importante realçar é que o investimento em Educação é um bom investimento em Portugal pelas razões que apresento a seguir:

1) Um indivíduo que obtenha um grau de ensino superior aufere um vencimento que é 69% superior ao de quem ficou com o ensino secundário.

2) A rendibilidade, medida pela taxa interna de rendibilidade, é de 10% tanto para os homens como para as mulheres com a obtenção do ensino superior quando comparado com os rendimentos do mesmo indivíduo com o ensino secundário. A rendibilidade é também elevada para o investimento feito pelo Estado (8%), o que significa que para o Estado o montante acrescido de impostos e contribuições que os indivíduos vão pagar a mais por receberem vencimentos maiores compensa, e muito, os gastos feitos pelo Estado no ensino superior.

3) A expetativa de anos de vida aos 30 anos é de mais 5 anos para os homens com ensino superior quando comparada com a dos homens com ensino secundário (48 e 53 anos respetivamente) e de mais 1 ano para as mulheres (55 e 56 anos respetivamente).

4) 83% dos homens e 76% das mulheres com ensino superior afirmam sentirem com boa ou muito boa saúde enquanto apenas 75% dos homens e 61% das mulheres com ensino secundário o fazem.

Muitos outros aspetos eu podia apresentar, mas penso que estes são suficientes para mostrar que a educação leva a viver melhor e durante mais tempo, no entanto, é importante referir que como qualquer investimento, este também implica riscos. Assim um indicador que é apresentado é a percentagem de indivíduos que recebem abaixo de certos valores de rendimento relacionados com a mediana dos rendimentos dos indivíduos que em Portugal deve rondar os 1300€.

Os dados de 2019 mostram que, em Portugal, 3% dos indivíduos com ensino superior recebiam menos de metade da mediana e 12% mais do que metade e menos do que a mediana. Somando estes dois valores temos que 15% recebem menos do que 1300€… é um número muito menor do que os 41% com ensino secundário que estão na mesma situação, mas para quem fez um esforço suplementar de se educar pode levar a uma descrença no sistema educativo e essa descrença pode levar a desmotivar outros jovens a continuarem os seus estudos.

É verdade que existem muitos jovens licenciados a receberem pouco (o último caso que tive conhecimento foi o de uma jovem com Mestrado a ter de aceitar um estágio onde vai receber 300€ que inclui o subsídio de refeição), mas não é o caso geral dos licenciados. Haverá sempre risco no investimento em educação, à semelhança de qualquer investimento, porém saber que mais educação contribui para uma vida melhor e mais longa não é de somenos importância na hora de investir. Como em qualquer investimento, é necessário escolher bem … e ter sorte também!