Líder separatista da Caxemira indiana morre, Índia corta internet na região
O principal líder pró-independência da Caxemira indiana morreu quarta-feira à noite sob custódia policial, o que levou à imposição de múltiplas restrições em toda a região para evitar possíveis protestos.
Syed Ali Shah Geelani, de 92 anos de idade, estava detido em casa em Srinagar, sob custódia policial desde 2010, com exceção de dois meses de liberdade em 2014.
O óbito deveu-se a vários problemas de saúde relacionados com a idade avançada, disse hoje um dos genros do separatista, Zahoor Geelani, à agência de notícias Efe.
O filho mais novo do líder pró-independência, Syed Naseem Geelani, disse à Efe que as forças de segurança entraram na habitação nas primeiras horas da manhã e levaram o corpo do pai para um local desconhecido, sem que a família pudesse realizar os últimos rituais.
"As autoridades enterraram-no em segredo", disse Naseem, que insistiu em não saber nada sobre o paradeiro do pai, uma estratégia comum entre as forças de segurança para evitar protestos ou um local onde os apoiantes se possam reunir.
Horas após a morte de Geelani, as autoridades impuseram o recolher obrigatório e cortaram o serviço de internet em todo o Vale de Caxemira para evitar que um grande número de apoiantes de Geelani se reunisse em Srinagar para uma eventual despedida simbólica.
Uma fonte policial, que pediu para não ser identificada, confirmou à Efe que "foram impostas restrições e o serviço de internet foi cortado para manter a paz" na região, tendo sido pedido às pessoas que ficassem nas casas e não saíssem à rua.
O destacamento de forças de segurança para o Vale do Caxemira também aumentou, naquela que é a única região de maioria muçulmana da Índia e uma das áreas mais militarizadas do mundo.
O Paquistão tem contestado a soberania da Índia sobre a região desde a divisão do subcontinente indiano em 1947, após a descolonização britânica, e três guerras e vários confrontos menores têm sido travados por causa do território.
Geelani nasceu em setembro de 1929 no norte de Caxemira, e como principal líder pró-independência da região, chefiou a Conferência Hurriyat, a frente multipartidária secessionista, até se demitir no ano passado devido a problemas de saúde.
Entre as expressões públicas de simpatia pela morte do líder separatista encontravam-se as de Mehbooba Mufti, o antigo chefe do Governo de Caxemira, apesar do facto de não partilharem a mesma ideologia política.
"Entristece-me a notícia do falecimento de Geelani. Podemos não ter concordado na maioria das coisas, mas respeito-o pela sua perseverança e firmeza e por manter as suas convicções", escreveu Mufti na rede social Twitter.