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Bolieiro diz que "erros" sobre apoios para estragos de furacão foram do anterior governo

Foto RODRIGO ANTUNES/LUSA
Foto RODRIGO ANTUNES/LUSA

O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, recusou ontem dar explicações sobre eventuais cortes nos apoios aos estragos provocados pelo furacão Lorenzo, por entender que se houve "erros" foram "do anterior governo" socialista. 

"Eu creio que o Dr. Vasco Cordeiro está num equívoco. Quem tem de dar explicações é o anterior presidente do Governo, que assumiu compromissos e aceitou valores do Governo da República", insistiu o chefe do executivo açoriano em declarações aos jornalistas, na cidade da Horta, em resposta ao líder do PS/Açores, que exigiu na sexta-feira explicações sobre esta matéria. 

Em causa está um despacho do Gabinete do Primeiro-Ministro, publicado em 8 de setembro, que reduz o montante total de apoios aos estragos provocados pelo furacão Lorenzo ao "limite máximo de 198 milhões de euros", um valor longe de corresponder a 85% dos 330 milhões de euros de prejuízos contabilizados na altura. 

Quando a notícia foi conhecida, o presidente do Governo Regional, o social-democrata José Manuel Bolieiro, disse que iria pedir explicações ao Governo da República, por entender que a região está a ser penalizada nesta matéria, mas o líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, diz que é Bolieiro quem tem de esclarecer o que se passou. 

"O primeiro esclarecimento que tem de ser dado é do Governo Regional aos açorianos, por muito que queiram falar com o Governo da República - e acho que devem e fazem bem em esclarecer - mas há questões que têm a ver com o Governo Regional", disse Vasco Cordeiro. 

Em resposta, o chefe do executivo de coligação PSD/CDS/PPM, diz agora que "quem tem de dar explicações ao que fez, e eventualmente aos erros que cometeu, é o antigo presidente do Governo", devolvendo as responsabilidades a Vasco Cordeiro. 

Apesar disso, José Manuel Bolieiro garante que vai tentar esclarecer, junto da República, a origem dos cortes na transferência de verbas do Estado para a Região, para fazer face aos prejuízos decorrentes do furacão, e adiantou que este episódio não "mina" o bom relacionamento que tem com António Costa. 

"Não há episódios nenhuns que, no relacionamento direto e institucional entre o Governo Regional e o Governo da República, tenham deteriorado qualquer relação, antes pelo contrário", assegurou o chefe do executivo açoriano, adiantando que "os contactos com lealdade e objetividade é que valorizam a credibilidade deste relacionamento". 

O relatório do grupo de trabalho do Furacão Lorenzo criado pela Assembleia Legislativa Regional dos Açores, consultado pela Lusa, refere prejuízos de 313,3 milhões de euros "nas infraestruturas portuárias". 

No documento escreve-se que "o Governo da República demonstrou solidariedade para com a Região Autónoma dos Açores, ao assumir 85% do valor total dos prejuízos, transferindo ainda em 2019, 20 milhões de euros, prevendo transferir mais 20 milhões de euros em 2020 [...] e ao submeter uma candidatura ao Fundo de Solidariedade da União Europeia". 

A proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2021 destinava à Região Autónoma dos Açores 38 milhões de euros para apoio financeiro pelos danos causados pela passagem do furacão Lorenzo pelo arquipélago em outubro de 2019.