Presidente da Duma acusa Parlamento Europeu de interferir nas eleições legislativas
O presidente do parlamento da Rússia (Duma estatal), Vyacheslav Volodin, acusou hoje o Parlamento Europeu (PE) de interferência eleitoral ao aprovar uma resolução, na qual apela ao não reconhecimento dos resultados das eleições legislativas russas que arrancam na sexta-feira.
"A decisão do Parlamento europeu tem um caráter hostil. Nós interpretamo-la como uma tentava de interferir nos nossos assuntos internos e de pressão sobre os cidadãos", disse Vyacheslav Volodin, de acordo com a Duma no seu 'site' na Internet.
Vyacheslav Volodin, que se manifestou, nos últimos meses, contra a interferência do Ocidente nas eleições russas, enfatizou: "Não aceitaremos tais resoluções".
"Ainda mais, porque são aprovados antes que os nossos cidadãos expressem a sua vontade popular. Serão eles a decidir que vai estar no poder. A pressão sobre eles é inadmissível2, sustentou.
O presidente da Duma estatal destacou que será feito "tudo o possível" para defender o país de qualquer "ação hostil", já que o objetivo final é controlar o desenvolvimento da Rússia.
"As nossas eleições são abertas, ao contrário dos processos eleitorais que ocorrem nos Estados Unidos [da América] e nos países europeus. Dediquem-se a construir os vossos países, resolvendo os problemas dos cidadãos que vos elegem. Quanto aos cidadãos da Rússia, eles sabem em quem votar e apoiar", contestou.
Na véspera das eleições russas, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução, considerando que a União Europeia (UE) "deve se preparar" para não reconhecer a Duma e não aceitar o ato eleitoral, "se não respeitar princípios democráticos e o direito internacional".
"O único aspeto positivo é que a resolução é apenas uma recomendação", respondeu Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, que os eurodeputados denunciaram como "uma cleptocracia autoritária estagnada liderada por um presidente vitalício rodeado por um círculo de oligarcas".
Na semana passada, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo convocou o embaixador dos EUA, John Sullivan, por causa da interferência eleitoral dos gigantes tecnológicos norte-americanos.
Representantes do Google e da Apple estiveram hoje presentes numa sessão do Senado russo, em que foi discutida a prevenção nos assuntos soberanos da Rússia.
Moscovo acusa as plataformas de tecnologia de se recusarem a remover conteúdos proibidos, como o aplicativo "Smart Vote", desenvolvido pelo líder da oposição, Alexei Navalni, para derrubar o partido Rússia Unida do Kremlin.
As urnas, para as quais mais de 110 milhões de russos são chamados a votar de sexta a domingo, foram abertas hoje às 08:00 hora local (21:00 em Lisboa), em Kamchatka, no Extremo Oriente do país.
Devido à pandemia do novo coronavírus, as autoridades decidiram prolongar a votação durante três dias, no sentido de reduzir os riscos de contágio, embora a oposição considere que pode ser um instrumento de fraude legal.
A Rússia Unida tem intenção de voto de 29,3%, seguida dos comunistas com 16,6%, de acordo com a última sondagem instituto de sondagens próximo do poder Vtsiom.
Com exceção do partido liberal Yabloko, a oposição radical liderada por Alexei Navalny, preso em fevereiro para cumprir dois anos e meio de prisão, não participa em ações de campanha.
As eleições legislativas realizar-se-ão na Rússia durante três dias, de 17 a 19 de setembro, para limitar a propagação da covid-19, anunciou hoje a chefe da comissão eleitoral, uma medida denunciada pela oposição como facilitadora de fraudes.
"Estes três dias vão garantir segurança para a saúde dos nossos cidadãos", afirmou Ella Pamfilova, citada pelas agências noticiosas russas, adiantando tratar-se da "opção ótima".
Em setembro de 2020, as eleições locais e regionais também se realizaram durante três dias para limitar a concentração de pessoas nas assembleias de voto e os riscos de contágio.
Dois meses antes, um referendo constitucional que permitiu que Vladimir Putin fique no poder até 2036 decorreu durante uma semana.
Para esta votação, foram instaladas assembleias de voto no exterior, em pátios de edifícios ou em bancos públicos, suscitando o escárnio e a ira da oposição, que denunciou falsificações em massa devido à medida.