Proibição da pesca do atum patudo chega um mês antes
Frota de pesca da Madeira é a maior prejudicada pela necessidade de controlar a quota desta espécie. Em 2020 só ocorreu no final de Outubro
A frota de pesca do atum está proibida de capturar o patudo (nome científico Thunnus obesus) a partir da próxima segunda-feira, 20 de Setembro, segundo determinou ontem a Direcção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), uma decisão que chega mais de um mês antes do ano passado e que prejudica sobretudo a frota madeirense.
"Considerando os dados atuais das descargas efetuadas pela frota portuguesa, da espécie Atum Patudo no Oceano Atlântico, verifica-se que a quota atribuída a Portugal encontra-se esgotada", anunciou ontem a DGRM, que acrescentou: "Neste contexto, e em cumprimento do ponto 2 do artigo 35º do Regulamento (UE) nº 1224/2009, de 20 de novembro, é interdita a pesca da espécie acima citada, nas zonas referidas, bem como a manutenção a bordo, transbordo e descarga das capturas efetuadas, a partir das 00:00 horas do dia 20 de setembro de 2021."
Em 2020, a proibição do mesmo teor começou a vigorar "a partir das 00:00 horas do dia 27 de outubro", sendo que este ano a pescaria foi bem mais proveitosa, tanto é que já em Agosto a Madeira tinha já esgotado a sua quota de pesca do atum patudo, mesmo depois de um aumento em 8% da quota efectuada em Julho, tanto para as embarcações da Madeira como dos Açores.
Recorde-se que as autoridades marítimas e de pesca já haviam avisado, em ofício há menos de um mês, que "a Região Autónoma da Madeira já atingiu o limite das possibilidades de pesca de Atum Patudo atribuída às embarcações registadas na RAM para o corrente ano", tendo acrescentado que "a partir das 00:00h do dia 24 de agosto de 2021, está proibido capturar qualquer espécimen de Atum Patudo e que a partir das 00:00h do dia 26 de agosto até 3l de dezembro de 2021 está proibido manter a bordo, transbordar ou desembarcar) qualquer espécimen daquela espécie".
Como referido, no início de Julho as frotas de pesca das regiões autónomas dos Açores e da Madeira tinham já beneficiado de um aumento da quota de captura, equivalente a mais 250 toneladas, após negociações entre as autoridades regionais e o Governo da República. A medida foi anunciada pelo Governo dos Açores e que beneficiou os pescadores madeirenses, tendo a DGRM frisado que esta quota foi cedida às regiões ultraperiféricas, "dada a disponibilidade da quota desta espécie de que o continente ainda dispõe”, nesse caso na altura.
Madeira e Açores com aumento de quota de 8% no atum patudo
As Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira vão ter um aumento da quota de captura do atum patudo de 8%, o equivalente a 250 toneladas, fruto de esforços feitos juntos do Governo da República, foi hoje anunciado.
Ora, como a frota de pesca da Madeira é aquela que mais pesca o atum patudo, tendo em conta que "os Açores e a Madeira têm direito a 85% da quota nacional do atum patudo e 'já atingiram 95% da quota atribuída para 2021”', esclarecia a nota de há cerca de dois meses, significa que a proibição põe fim à época de pesca bem mais cedo do que há um ano, desta feita para todo o país com um mês de antecedência.
Aliás, tendo em conta que a frota de pesca da Madeira é a que tem maiores capturas de tunídeos (2.045 toneladas até Junho deste ano e 2.308 em todo o ano passado), se tivermos em conta a dimensão da frota regional e por embarcação comparada com a do continente (3.624 toneladas até Junho e 6.742 toneladas em 2020) ou dos Açores (860 toneladas até meio deste ano e 3.426 toneladas durante o ano passado), fica claro que o grosso da pescaria desta espécie de tunídeo foi capturado e descarregado na Madeira.
Refira-se ainda que em finais de Maio, Portugal apenas tinha capturado 4% da quota de pesca do atum patudo que lhe estava destinado, significando que neste período até final de Julho e inícios de Agosto, as capturas da espécie disparam de tal forma que se esgotaram em menos de 4 meses.
Curiosidade
"O seu nome científico, T. obesus, deriva do facto de ser o mais obeso dos seus congéneres e foi-lhe dado por Richard Thomas Lowe em 1839, quando descreveu esta espécie pela primeira vez como nova para a ciência, precisamente na Madeira, o que indica que a sua pesca se desenvolve nesta região há mais de dois séculos", pode-se ler num artigo sobre o mesmo numa página dedicada pela autarquia do Funchal.