O impacto dos “Tablets no Ensino” na Saúde dos alunos
Pelo terceiro ano letivo consecutivo, a Secretaria Regional da Educação, Ciência e Tecnologia desmaterializa os manuais escolares, ditando a utilização de tablets do 5º ao 7º ano de escolaridade para os jovens matriculados em estabelecimentos de ensino públicos da região.
Tendo em conta as atividades realizadas nas aulas e ainda os trabalhos de casa, quanto tempo é que os nossos jovens estudantes abrangidos pelo projeto utilizarão em média, diariamente, o seu tablet? Ninguém se atreve a avançar estimativas, porém obvia-se que é excessivo.
Em primeiro lugar, destaque-se que, já em maio de 2011, a Organização Mundial da Saúde classificara os telemóveis e outros dispositivos sem fio com um risco de categoria 2B (possível carcinogénico), devido à emissão de radiação. A luz azul emitida pelos ecrãs não é um mito e o seu impacto negativo na saúde ocular tem vindo a ser estudado. Sabe-se que a médio/longo prazo provoca a degeneração macular, um problema da retina que não tem cura. Ora, o uso excessivo de ecrãs acelera processos, levando ao aparecimento precoce de doenças.
A comunidade médica alerta ainda para o Síndrome da Visão do Computador, cujos sintomas se traduzem em ardor nos olhos, olhos vermelhos e dores de cabeça. Pois o sistema visual não está preparado para períodos prolongados de concentração ao perto, facto que é descurado.
Por outro lado, na falta de sensibilização para a correção postural e de educação para a ergonomia, atente-se na saúde postural dos nossos jovens: das “más posturas” continuadas decorrem queixas músculo-esqueléticas que se traduzem em dor lombar e cervical, dor nos ombros e punhos, entre outras.
A considerar-se também que a exposição de crianças às tecnologias tem sido associada a um défice do funcionamento executivo cerebral e é um dos fatores responsáveis pelo crescimento das taxas de depressão infantil, ansiedade, defeitos de vinculação, défice de atenção, comportamentos problemáticos e outras doenças mentais.
Enfim, conclui-se que as repercussões dos “Tablets no Ensino” na saúde dos grupos geracionais abrangidos estão a ser negligenciadas: a participação de profissionais na área da saúde na conceção e implementação deste projeto teria sido crucial.
Maria Morais