Mundo

França anuncia morte do líder do grupo rebelde Estado Islâmico no Grande Saara

None
Foto AFP

As forças francesas mataram o líder do grupo rebelde Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS), Adnan Abu Walid al-Sahrawi, um "grande sucesso" para a França, cujas tropas se reorganizam no Sahel para se concentrarem na luta contra o terrorismo.

"Este é outro grande sucesso na luta que estamos a travar contra grupos terroristas no Sahel", disse o Presidente francês, Emmanuel Macron, no Twitter, na noite de quarta-feira.

Paris já tinha anunciado a morte ou captura de vários quadros de alto nível do EIGS pela força francesa Barkhane e seus parceiros, como parte da sua estratégia para atingir a liderança de topo das organizações 'jihadistas'.

A investida francesa contra Adnan Abu Walid al-Sahrawi "teve lugar há algumas semanas e hoje estamos certos de que é de facto o número 1 do EIGS", disse hoje a ministra da Defesa de França, Florence Parly, à Radio France Internationale, saudando um "grande sucesso" do exército francês.

A notícia surge num contexto tenso entre Paris e a junta no poder em Bamako, que está a considerar um contrato com a famosa empresa paramilitar russa Wagner. Um destacamento destes mercenários seria "incompatível" com a manutenção das tropas francesas no Mali, que lutam há oito anos contra os rebeldes no Sahel, avisou na terça-feira o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian.

O EIGS, criado em 2015 por Adnan Abu Walid al-Sahrawi, antigo membro da Frente Polisário (grupo pró-independência no Sahara Ocidental), então o movimento jihadista Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQIM), tinha sido designado como "inimigo prioritário" no Sahel, na cimeira de Pau (sudoeste de França), em janeiro de 2020.

O grupo é responsável pela maioria dos ataques na região das "três fronteiras", uma vasta e vagamente definida área que abrange o Mali, Níger e Burkina Faso, alguns dos países mais pobres do mundo.

A área é alvo recorrente de ataques de dois grupos 'jihadistas' armados concorrentes: o EIGS e o Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (GAIM), a principal aliança 'jihadista' no Sahel, ligada à Al-Qaida, cujo líder tuaregue maliano, Iyad Ag Ghaly, está também a ser procurado pela França.

O EIGS levou a cabo ataques particularmente mortais contra militares e civis no Mali, Níger e Burkina Faso.

"Este grupo foi decapitado na sua organização. É agora importante, especialmente no Níger, que os atores estatais possam retomar as terras que foram abandonadas e deixadas [ao] grupo EI", comentou Jean-Yves Le Drian.

Após mais de oito anos de envolvimento militar francês no Sahel, durante os quais 50 franceses perderam a vida, Emmanuel Macron anunciou em junho uma redução da presença francesa na região a favor de um mecanismo reforçado, reorientado para operações antiterroristas e de apoio ao combate aos exércitos locais, em torno de uma aliança internacional envolvendo europeus.

Assim, o número de tropas francesas destacadas no Sahel deverá diminuir dos atuais 5.000 homens para 2.500 ou 3.000 até 2023, no final de uma vasta reorganização iniciada nas últimas semanas, que inclui o encerramento dos postos avançados franceses em Kidal, Tessalit e Timbuktu, no norte do Mali.

"Não vamos sair do Mali, estamos a adaptar a nossa estrutura militar", salientou Florence Parly, acrescentando: "A nossa luta continua".