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Competir pelo preço e morrer

Aparentemente há um boom de procura pela Madeira. Não tem havido carros e os hotéis estão cheios.

Tinha muita curiosidade de conhecer outros dados… rentabilidade, e preço. E, acima de tudo, sustentabilidade e adequação do mercado.

Encher hotéis não é particularmente difícil… vai-se baixando o preço até que de repente não há mãos a medir. Quando os gestores começarem a fazer contas julgo que verificaremos, no entanto, que encher o hotel é apenas o primeiro dos problemas…

Julgo que muitos donos de hotéis (por oposição a gestores) se preocuparam em encher os seus hotéis sem fazer as contas de forma a garantir que esse esforço é compensador. Sim, porque a partir de um determinado preço estamos a pagar para fornecer o serviço – e isto não interessa a ninguém, nem ao próprio fornecedor, mas também, o que será talvez menos obvio, ao próprio mercado.

Porque competir pela baixa de preços vai atrair um público diferente, muitas vezes sem a capacidade de fazer uma despesa extra, ou de pagar sequer por uma refeição fora do pacote básico. E este público obviamente interessa pouco à Madeira.

Porque, e não nos podemos todos cansar de repetir isso, porque não somos nem podemos ser um destino de massas temos de procurar clientes que nos garantam mais valor acrescentado por pessoa. E assumir que nalguns casos será melhor não ter clientes do que ter clientes a pagar de menos.

Porque clientes a pagar de menos destroem o mercado, em termos de sustentabilidade, em termos de espectativas, em termos de reputação e em termos de futuro.

Como dizia uma amiga, com muitos anos de experiência de turismo, “há negócios que prefiro que sejam ganhos pelo meu concorrente”. Porque só vão trazer sarilhos… E enquanto não percebermos isso a Madeira não vai sair da cepa torta.