Marcelo quer abrir Grupo de Arraiolos "aos europeus" com reunião em 2023 em Portugal
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje querer que, na reunião do 20.º aniversário do Grupo de Arraiolos, seja possível "abrir realmente" a estrutura aos europeus, como forma de homenagear o fundador, Jorge Sampaio.
"Provavelmente será um esquema diferente de funcionamento, veremos, mas [talvez] aberto para a juventude, como já foi tentado umas vezes. O Presidente Jorge Sampaio teria gostado muito para não ser só uma coisa de chefes de Estado [e para] abrir realmente à sociedade, aos europeus, o que é fundamental", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Falando aos jornalistas portugueses em Roma, após se ter reunido com 14 chefes de Estado da UE na 16.ª reunião do Grupo de Arraiolos e depois de ter anunciado que os 20 anos da iniciativa se celebrarão em Portugal em 2023, o chefe de Estado português disse que, "certamente, haverá um momento de homenagem especial".
"Ainda não tive tempo para pensar, [...] mas veremos se serão de convidar aqueles que ainda estão vivos, que foram contemporâneos do Presidente Jorge Sampaio, abrindo uma exceção e assim estarão presentes aqueles que - eram poucos, era uma meia dúzia só - os que testemunharam o nascimento de Arraiolos", admitiu ainda.
O chefe de Estado português reuniu-se hoje com 14 homólogos da UE que integram o Grupo de Arraiolos, naquela que foi a 16.ª edição da iniciativa fundada pelo antigo chefe de Estado Jorge Sampaio e que foi organizada pela presidência italiana.
Na capital italiana realizou-se então este ano a 16.ª reunião do Grupo de Arraiolos, que junta anualmente presidentes não executivos de 15 Estados-membros da UE e que foi uma iniciativa lançada por Jorge Sampaio, que morreu na passada sexta-feira, quando era Presidente da República.
"Foi uma homenagem muito profunda, muito emotiva e muito justa", assinalou Marcelo Rebelo de Sousa à imprensa portuguesa.
Em 2003, o então chefe de Estado português, Jorge Sampaio, promoveu um encontro na vila alentejana de Arraiolos para discutir o futuro da União Europeia com um conjunto de Presidentes da República com poderes semelhantes aos seus.
Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, no distrito de Lisboa, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.
A reunião deste ano, organizada pela Presidência italiana, decorreu Palácio do Quirinal, local da residência oficial do chefe de Estado italiano.
Tal como já havia admitido, Marcelo Rebelo de Sousa apontou também hoje a necessidade de "repensar o Grupo" de Arraiolos.
"Por exemplo, por causa da pandemia, nós tivemos de falar uns com os outros e isso não foi fácil [pelo que] era preciso haver um esquema mínimo para estarmos em contacto", exemplificou.
Além disso, o chefe de Estado português sublinhou ser crucial "repensar o próprio funcionamento", dado ter atualmente um "funcionamento muito fechado, muito concentrado nos chefes de Estado e muito pouco aberto à realidade dos europeus em geral".
Marcelo Rebelo de Sousa, que assumiu funções como Presidente da República em março de 2016, esteve presente na 12.ª reunião, que decorreu nesse ano na Bulgária, na 13.ª, em Malta, em 2017, na 14.º, na Letónia, e na 15.º, na Grécia.
O Grupo de Arraiolos junta os chefes de Estado de Itália, Bulgária, Alemanha, Estónia, Irlanda, Grécia, Croácia, Letónia, Hungria, Malta, Áustria, Polónia, Portugal, Eslovénia e Finlândia.
A reunião do próximo ano, na 17.ª edição, realizar-se-á em Malta, enquanto a de 2023 decorrerá em Portugal e a de 2024 na Polónia.