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Recuperação socioeconómica global em discussão na Assembleia Geral da ONU

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O presidente da 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU, Abdulla Shahid, iniciou hoje o mandato à frente dos trabalhos dos 193 Estados-membros com promessa de dar "esperança" para a recuperação socioeconómica global após a pandemia de covid-19.

Abdulla Shahid, ministro dos negócios estrangeiros da República das Maldivas, prestou hoje juramento na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, como Presidente da 76ª sessão e sublinhou que o tema da sua presidência será a "esperança" aplicada para atingir uma recuperação socioeconómica sustentável, a proteção ambiental e a igualdade de género, entre outras prioridades.

No contexto da recuperação depois de todas as dificuldades mundiais provocadas pela pandemia, o responsável sublinhou que a vacinação será a prioridade de topo, contrariando a diferença na velocidade de vacinação ou as dificuldades de acesso a vacinas em todo o mundo, que será também o tema para um debate de alto nível na ONU nos próximos meses.

A pandemia de covid-19 dominou em grande parte o primeiro discurso de Shahid como presidente, como de resto aconteceu nos discursos do secretário-geral, António Guterres, e do presidente cessante da 75ª sessão da Assembleia, que hoje se encerrou, Volkan Bozkir.

António Guterres declarou que "em todas as medidas, este foi o período mais desafiador que o mundo enfrentou desde a Segunda Guerra Mundial".

Abdulla Shahid reconheceu que cada pessoa sobreviveu à pandemia de maneira diferente, "mas alguns elementos foram quase universais: ansiedade, insegurança, luto, desespero".

Desastres ambientais, conflitos e instabilidade no mundo também ditaram a "ansiedade coletiva", considerou o presidente da 76ª sessão da Assembleia Geral, antes de vincar que "a narrativa tem de mudar".

Declarando que não vai participar de painéis onde não estejam representados em números iguais os homens e as mulheres, Abdulla Shahid defendeu que os direitos das mulheres e a paridade de género serão outros elementos a guiar a sua presidência.

O responsável instou todos os Estados-membros a apresentarem mais candidaturas femininas a todos os cargos e posições dentro da ONU.

António Guterres, secretário-geral da ONU sublinhou na cerimónia que "a guerra contra o planeta tem de acabar e as guerras uns entre outros, também.

Guterres pediu apoio aos mais vulneráveis, foco nos direitos humanos, redução da pobreza, combate a qualquer forma de exclusão social, minimização das desigualdades em todas as dimensões da vida e união entre os 193 Estados-membros com representação na organização que lidera.

Já Volkan Bozkir, diplomata turco que foi presidente da Assembleia Geral durante os 12 meses anteriores, defendeu que as Nações Unidas não estão a utilizar a plataforma de que dispõem de forma eficaz e lamentou que as palavras e discursos neste corpo consultivo constituem mais do que ações significativas para ajudar o mundo.

"A Assembleia Geral não se pode reduzir a um 'talk show' ou apenas orientação normativa sobre a agenda do desenvolvimento", disse o diplomata turco, defendendo algumas reformas.

A meio da cerimónia de encerramento da 75ª sessão e abertura da 76ª sessão, Volkan Bozkir recebeu um aplauso em pé de todos os representantes presentes na sala e posteriormente levou o martelo com que conduziu os trabalhos ao seu sucessor, Abdulla Shahid.

O ministro dos negócios estrangeiro das Maldivas irá dirigir a Assembleia Geral durante um ano, começando na próxima semana com uma das semanas de trabalho mais intensas e mais emblemáticas para a política mundial, a semana de alto nível e do Debate Geral, em Nova Iorque.

No ano passado, devido à pandemia de covid-19, todo Debate Geral decorreu de forma virtual, com a presença de poucos representantes, mas este ano está a apostar-se num formato híbrido, já com a presença de muitos líderes de todo o mundo, para acelerar a retomada de reuniões ou negociações bilaterais e multilaterais.

A pandemia de covid-19 já matou mais de 4,654 milhões de pessoas em todo o mundo e infetou mais de 225 mil pessoas, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.