Carta pública a Rafaela Fernandes
Carta pública a Rafaela Fernandes, a propósito de um artigo de Opinião de domingo, dia 12.
É impressionante a sua falta de memória. Recomendo que aproveite o cargo que lhe deram e peça uns comprimidos.
Mas antes, comecemos pelo fim. Pelo ‘ouvi falar’. Eu também ouvi falar que ocupa um lugar para o qual não tem competência. Já que dá tanta importância ao ‘ouvi falar’ será que é altura de eu começar a acreditar no que ouvi falar de si?
As Zonas Altas – não sabe quem criou os problemas infindos das Zonas Altas? Foi o seu partido, também com Albuquerque na Câmara e Calado a acompanhar, que nem sequer foi capaz de desenvolver consequentemente uma política ordenamento nem de legalização de habitações de génese ilegal, quanto mais tratar dos acessos, do saneamento, da luz, da água.
Trânsito caótico – anda por onde? A Via Rápida está mais caótica que o Funchal. E sabe quem é que recusou criar estações de park and ride na zona dos Viveiros e à entrada da ribeira de João Gomes, para ordenar e restringir o acesso de carros ao centro, no final dos anos 90? Sabe quem foi? Esse mesmo: Albuquerque. E de Calado também não se ouviu um pio durante os 8 anos que esteve na CMF.
Cacifos e sem abrigo – eu tinha vergonha de colocar o assunto nestes termos. É tão fácil e oportuno sacudir para cima da CMF um problema que é da Região, não é? E o que fez, entretanto, o seu governo e Calado face a uma população com fragilidades e complexidades inimagináveis num contexto, ainda por cima, dramaticamente potenciado pela pandemia?
Habitação – grande a sua preocupação! Mas não vi nada dito por si enquanto eram sucessivamente chumbados orçamentos camarários que teriam permitido mais construção. Ainda assim, a CMF fez mais que o governo regional do ‘seu’ Calado.
Pombos – não sabe de onde vêm? Eu digo-lhe. Da betonização das margens e leitos das ribeiras do Funchal que destruíram um habitat inteiro de centenas de ninhos e refúgios das aves. E a menos que opte pela solução que levou ao extermínio de uma espécie de cabras das Desertas, isto é a tiro, o controlo da asneira feita leva tempo.
Nota final: “O Pedro não deixa ninguém para trás”. Teria piada, não fosse ter-nos deixado uma dívida de 100 milhões na Câmara, que ainda estamos a pagar.
Violante Saramago Matos