Cartoonista e jornalista entre sete detidos no Bangladesh ao abrigo da lei de segurança digital
Sete pessoas, incluindo um conhecido cartoonista e um jornalista, foram hoje formalmente acusados no Bangladesh ao abrigo da lei de segurança digital, que os críticos dizem ser usada pelas autoridades para silenciar a oposição.
Segundo o promotor Nazrul Islam, citado pela agência France-Presse (AFP), um tribunal de Daca, a capital e maior cidade do Bangladesh, aprovou a acusação contra o cartoonista Ahmed Kabir e o jornalista e ativista de direitos humanos Tasneem Khalil.
Ambos são acusados de publicar informações falsas e insultuosas, de difamação e de divulgar intencionalmente material 'online' que suscita tumultos e agitação.
Se forem considerados culpados, podem ser condenados a até 10 anos de prisão.
De acordo com a AFP, o tribunal também emitiu mandados de prisão para quatro outros acusados que fugiram.
Kishore, de 45 anos, disse à agência de notícias francesa que foi "vítima de uma injustiça": "Desenhar caricaturas não é crime", afirmou, em declarações via telefone, após o anúncio das acusações.
Kishore foi libertado sob caução em março, após ter sido detido em maio de 2020. A acusação contra ele referia-se à lei de segurança digital que, de acordo com organizações de direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional, é usada para intimidar aqueles que criticam o governo.
O caricaturista afirma ter sido torturado antes de ser colocado em prisão preventiva, tendo apresentado queixa num tribunal em Daca sobre a alegada tortura, que a polícia negou. Até agora, a queixa não deu origem a qualquer processo.
De acordo com o Kishore, os seus supostos torturadores questionaram-no sobre as suas caricaturas de um poderoso empresário próximo do governo, bem como uma série de 'cartoons' criticando a gestão das autoridades da crise sanitária causada pela covid-19.
O promotor não avançou detalhes sobre as acusações específicas contra o cartoonista.
Em julho, a Amnistia Internacional indicou que pelo menos 433 pessoas foram presas no Bangladesh ao abrigo da polémica lei de segurança digital.
A maioria foi acusada de publicar informações falsas e ofensivas, de acordo com as organizações não-governamentais (ONGs).