Mudar alguma coisa para ficar tudo na mesma
Com o incremento tecnológico verificado nas últimas décadas, catalisador de tudo o que nos rodeia, a instantaneidade do digital, sobretudo através das redes sociais, confere a alguns comportamentos individuais uma versão mais atípica mas que, na realidade, não são assim tão diferentes dos do passado.
Diversas vezes, pessoas com graus de escolaridade mais baixos são vítimas de preconceito e de arrogância daqueles que acreditam ser superiores, mas a verdade é que a escola da vida pode dar-nos muito mais conhecimento do que cabe numa folha de papel-o diploma, conseguido às vezes sabe-se lá como. E nem todos tiveram facilidade e oportunidade de fazer ou completar a sua formação académica. Achar que é superior revela não só a sua inferioridade mas também a sua falta de humildade. Mais. Elogio em boca própria é vitupéria.
Não me sinto obrigada a engolir o que não me faz bem e, no uso da minha liberdade, reservo-me o direito de repudiar e de me distanciar de atitudes que consubstanciem o que atrás referi.
Estava à espera de assistir a um debate que me auxiliasse a fazer um balanço esclarecido da situação actual no Porto Santo e me ajudasse a perceber qual vai ser o futuro próximo, com alguma perspectiva de esperança realista do que aí vem. Confesso-me decepcionada. Não ouvi um debate, tão só duas entrevistas, algumas vezes com respostas sobrepostas dos candidatos. Bastava que se lembrassem que estavam ali para esclarecer e representar os porto-santenses e não em causa própria. Falou-se muito, mas falou-se quase para o respectivo umbigo ou para as respectiva clientela eleitoral de um lado foi nítida alguma arrogância, no chamar a si todo o saber e fazer, inferiorizando o adversário político, cuja humildade ficou bem patente. Quão mais proveitoso seria se se conjugasse esforços no sentido de lutar pelo Porto Santo e não uns contra os outros. Nada de novo. Perdoem-me os visados mas esta é apenas a minha leitura dos factos. Só isso.
Acho também que ninguém, com responsabilidades políticas no passado ou no presente, tem o direito de se auto-excluir e deveria se perguntar: qual a minha quota parte de responsabilidade sobre a situação da qual eu estou me queixando?
Não lavamos nossas culpas só porque, no uso da nossa liberdade de expressão, manifestamos a nossa opinião, muitas vezes tendenciosa, nas redes sociais - esse mundo em que tudo anda à solta e grande parte em anonimato ou perfis falsos no fb, distribuindo gratuitamente ressentimentos e imbecilidades em roda livre - ameaças, perseguições, maledicência, violência verbal, maldade e mentiras. Podemos até ter alguma competência para navegar na Net, mas mais importante do que isso é preciso não esquecer navegar com os valores da vida.
Inovação, competência, credibilidade, sustentabilidade e dinâmica, sem perder de vista o respeito por si e pelos outros, são valores subjacentes à campanha eleitoral. Espero que não sejam subvertidos.
Provavelmente, algo mudará, para ficar tudo na mesma...
Não se apressem a me conotar com qualquer cor política, porque eu sou "incolor", apolítica e apartidária. Tenho mil e um defeitos, mas uma só cara. Salvaguardo assim a possibilidade de não ter de "virar a casaca".
Madalena Castro