Cancioneiro de Música Tradicional apresentado no XII Congresso de Educação Artística
O Conservatório – Escola Profissional das Artes da Madeira lançou, no âmbito do XII Congresso de Educação Artística, o livro 'Cancioneiro de Música Tradicional do Arquipélago da Madeira. O Acervo do Padre Eduardo Nunes Pereira'. A obra foi apresentada por Filipe dos Santos, director de serviços do Centro de Estudos de História do Atlântico.
O livro contém um conjunto de recolhas musicais relevantes, realizadas principalmente na década de 1930 pelo próprio Padre Eduardo C. N. Pereira, como também por outras personalidades suas contemporâneas, tais como: Carlos Santos, Cónego Fernando Vaz, Padre Roque Dantas, William Carlton Wilbraham, Artur Lopes, José Vieira França, M. J. Sousa, R. F. Afonso ou Óscar F. Pita.
Parte da relevância desta obra advém do facto das principais recolhas de canções populares madeirenses conhecidas terem sido feitas por António Aragão e Artur Andrade, no período entre 1972 e 1977, e, no pós-25 de Abril de 1974, pela Associação Musical e Cultural Xarabanda (mais especificamente, no período entre 1981 e 2001).
Assim, as recolhas presentes no referido acervo constituem as recolhas madeirenses mais antigas com partituras, que se conhecem até ao momento, com as quais se procura estabelecer um cancioneiro madeirense.
No que toca a géneros, encontram-se: Cantigas de Trabalho (Música da Sementeira, Canção da Ceifa, Canção da Eira, Canção da Erva, Canção da Repisa ou Canção da Carga); Cantigas Religiosas, principalmente relacionadas com o culto do divino Espírito Santo ou com o Ciclo de Natal e Cantares dos Reis; Cantigas de Embalar; e Cantigas de Entretenimento (Cantar ao Desafio, Chama-Rita, Lengalengas e Xaramba) e Danças (Mourisca, Baile da Meia-Noite, Baile da Meia-Volta, Baile do Ladrão, Baile Sério, Baile do Porto Santo, Bailinho das Camacheiras ou Bailinho dos Vilões).
Ao nível geográfico, apesar de nem todas as canções terem menção ao local de recolha, muitas delas têm essa indicação geográfica, tendo sido encontradas as seguintes referências: Estreito da Calheta, Estreito de Câmara de Lobos, Leste da Madeira, Ponta do Sol, Porto da Cruz, Porto Moniz, Porto Santo, Santa Cruz, São Jorge e São Vicente.
No livro, não foi seguida a ordem das canções que foi atribuída pelo Arquivo Regional no inventário do acervo, mas sim categorias funcionais, usando, grosso modo, o modelo proposto por José Bettencourt da Câmara no livro 'O Essencial Sobre a Música Tradicional Portuguesa'. Deste modo, o livro está organizado em quatro capítulos: 1. Cantigas de Trabalho; 2. Cantigas Religiosas; 3. Cantigas de Embalar; e 4. Cantigas de Entretenimento e Danças.
A obra foi coordenada por Paulo Esteireiro, que também escreveu o estudo introdutório sobre as canções que constituem esta edição. A transcrição musical é da responsabilidade da Néli Silva, o design gráfico de Gabriela Silva e Tiago Machado, sendo que a direção geral é de Carlos Gonçalves.