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Eleições Autárquicas Madeira

Falta emprego e os terrenos estão em "felpa"

Texto: Marco Livramento | Fotos: Rui Silva/Aspress

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A freguesia de São Roque do Faial nunca conheceu tanto desenvolvimento, mas também nunca somou tão pouca gente nas suas contas como agora. Muito do casario que se dispersa por uma língua de terra que sobe os lombos e quase não tem ‘chãs’ tem as portas fechas. Os seus donos emigraram na esperança de uma vida melhor lá fora.

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Ficaram os mais velhos, os que já têm a vida feita. Os poucos jovens tendem a sair da freguesia. O Funchal é, muitas vezes, a escapatória. O emprego ou a falta dele marcam o quotidiano desta localidade nortenha, que tem na agricultura uma das suas principais actividades económicas. 

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Para Angelina Vieira, “a juventude não quer estar aqui. O que é que estão aqui a fazer? Vão trabalhar na fazenda? A fazenda não dá. A fazenda tem muita bicharada. Isto agora está tudo em ‘felpa’”, aponta a mulher que há muitos anos regressou da Venezuela.

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E os que plantam têm de contar com a ‘gula’ do pombo-trocaz. Das couves ao feijão, nada escapa.

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No Lombo Grande, um dos locais mais isolados, fomos encontrar Gabriel Silva, da Fajã do Cedro Gordo, que aponta a falta de emprego como o principal problema. “De resto temos tudo”. 

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E se o centro da freguesia é pacato. O mesmo já não acontece no sítio do Ribeiro Frio, onde os estacionamentos irregulares em todos os cantos da estrada tornam o trânsito mais difícil. São os turistas, as carrinhas e os autocarros. Os melhoramentos feitos não resolveram o problema.

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Joaquim Mendonça, durante muitos anos, teve nos turistas a sua principal fonte de rendimento. Deixou aos filhos a tarefa de bem servir aqueles que não dispensam uma ida ao emblemático miradouro dos Balcões. Agora passa mais tempo em casa, onde todos os dias até o padeiro lhe bate à porta. Aqui ainda se vende o pão porta-a-porta. “Agora não faço nada. Já trabalhei que dá para mim”, confessa, olhando os 9.400 metros que tem com alguns pereiros e outras árvores de fruto, mas que estão quase ao abandono.

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Quanto ao que faz falta não perde tempo em dizer que “há falta de limpeza nos caminhos. Só limpam isto de ano a ano.”