Áustria não está preparada para receber mais afegãos
O chanceler da Áustria, Sebastian Kurz, disse hoje que o seu país não está preparado para receber mais afegãos e que não apoiará um sistema europeu de distribuição de refugiados do Afeganistão pelos vários Estados da União Europeia.
Questionado sobre propostas para que todos os países da UE partilhem o fardo dos refugiados, Kurz disse a jornalistas em Berlim que a Áustria já recebeu "proporcionalmente uma parcela maior" de migrantes desde 2015.
A Áustria tem a quarta maior comunidade de afegãos em todo o mundo, indicou o chanceler austríaco antes de um encontro com a sua homóloga alemã, Angela Merkel.
Para a chanceler alemã, o foco do seu governo é como ajudar até 40.000 afegãos que têm direito de vir para a Alemanha com a sua família porque trabalharam para os militares alemães ou organizações humanitárias.
"Temos de ver quantos querem realmente abandonar o país", disse, adiantando que "isso vai depender muito das circunstâncias que os talibãs criarem no país".
Os ministros do Interior da União Europeia vão tentar hoje numa reunião extraordinária em Bruxelas acordar uma resposta coordenada à situação no Afeganistão que previna uma crise migratória como aquela causada em 2015 pela guerra na Síria.
Muitos Estados-membros da UE já manifestaram disponibilidade para receber afegãos que fogem do país por receio de represálias dos talibãs, tendo um grupo de 36 refugiados retirados de Cabul chegado no sábado a Lisboa, tendo Portugal recebido já até ao momento um total de 61 refugiados afegãos.
Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO, que se encontravam no país desde 2001, devido ao combate à Al-Qaida após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.