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Brasil anuncia "retirada com êxito" de dois cidadãos brasileiros do Afeganistão

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O Governo do Brasil retirou "com êxito" do Afeganistão dois cidadãos brasileiros, assim como as respetivas famílias, que tinham pedido o auxílio do executivo para deixar aquele país, informaram fontes oficiais na segunda-feira.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro informou que na quinta-feira um dos brasileiros, acompanhado de cinco familiares afegãos, foi retirado para Espanha, após esforços da tutela junto dos governos alemão e espanhol.

Já no domingo, "foi possível transportar o segundo nacional e os seus seis familiares afegãos até ao Paquistão, em operação terrestre conduzida pela embaixada do Brasil em Islamabad, em coordenação com o Governo paquistanês", acrescentou o Ministério, salientando que "todos se encontram em boas condições de saúde e em segurança".

O Governo brasileiro, presidido por Jair bolsonaro, reforçou que continua a acompanhar a situação dos cidadãos nacionais que manifestaram interesse em permanecer no Afeganistão e que está também "atento aos pedidos de afegãos com visto de residência no Brasil, dentro das possibilidades legais de apoio a estrangeiros".

Em 20 de agosto, o Brasil informou que se encontrava em coordenação diplomática com países que têm conduzido operações de resgate em território do Afeganistão, de forma a retirar do país cidadãos brasileiros.

Em resposta a questões colocadas pela Lusa, o Ministério das Relações Exteriores indicou ter informação sobre a presença de cinco cidadãos brasileiros no Afeganistão, sendo que apenas dois manifestaram intenção de deixar o país.

Na ocasião, o executivo indicou que avaliava a possibilidade de concessão de vistos humanitários para "pessoas afetadas pela situação política no Afeganistão em termos semelhantes aos concedidos a haitianos e apátridas da República do Haiti e para as pessoas afetadas pelo conflito na Síria".

Os talibãs proclamaram na segunda-feira "independência total" do Afeganistão, depois de os últimos soldados dos Estados Unidos da América (EUA) terem deixado o país, após 20 anos de presença das forças norte-americanas em território afegão.

Os EUA deixam o Afeganistão de novo nas mãos dos talibãs, cujo primeiro regime (1996-2001) tinham derrubado em dezembro de 2001, quando o grupo extremista se recusou a entregar o então líder da Al-Qaida, Osama bin Laden.

A retirada das forças internacionais foi negociada com os talibãs, em fevereiro de 2020, e ocorre 15 dias depois de o movimento rebelde ter conquistado Cabul, depondo o Presidente Ashraf Ghani.

A vitória dos talibãs desencadeou uma operação das forças internacionais que permitiu retirar do país mais de 100.000 estrangeiros e afegãos a partir do aeroporto de Cabul.

Com a capital afegã controlada pelos talibãs, a operação foi marcada pelo desespero de milhares de afegãos a quererem fugir do país e por ataques do grupo extremista Estado Islâmico, incluindo um atentado bombista que matou cerca de 200 pessoas.